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Atos falhos
Leia as duas perguntas e as
duas respostas ao lado. Trata-se
do final de uma entrevista com o
diretor de teatro Gerald Thomas
publicada na capa da Ilustrada
na última quarta-feira.
O mote da reportagem é a peça
"O Príncipe de Copacabana",
que o encenador prepara para
estrear em maio.
O que é interessante aqui? É a
maneira como o jornalista e o
artista expõem, talvez sem se dar
conta, o mecanismo que muitas
vezes rege as agendas do jornalismo cultural -não apenas da
Folha, evidentemente.
Parece uma conversa de compadres. O próprio encenador entrega o jogo ("a gente precisa um
do outro"). E o jornal, ao publicar o "papo", dá a esses trechos
um sabor de ato falho.
Thomas tem razão quando, ao
responder à frase "mas você está
sempre na mídia", diz: "Vocês
são culpados disso. Vocês me colocam na mídia, não sou eu".
De modo irônico e falsamente
ingênuo, ele ataca: "O maquiavelismo é de vocês, não é meu".
Essa é a questão. Porque a mídia, e a Folha junto, sempre tem,
de fato, espaço farto para abrigar determinadas celebridades
do chamado "mundo cultural".
Figurinhas carimbadas. Dia sim
dia não as mesmas.
Ora, será que tudo aquilo que
elas produzem é verdadeiramente relevante?
Um dos impasses do tratamento jornalístico da produção artística reside no funil que isso representa.
Vale para o teatro, mas também para a literatura, para a
música e as artes plásticas. Para
o ensaísmo.
Existe alguma coisa pouco saudável no mecanismo que essa
entrevista revela. E talvez um segundo ato falho cometido pelo
jornal, neste caso, tenha sido o
próprio título da reportagem,
que faz lembrar o velho cenário
hamletiano: "Há algo de podre
em Copacabana".
Semana passada, nesta coluna,
referi-me ao fato de haver somente dois jornais no Brasil com
a função de ombudsman institucionalizada: a Folha e "O Povo",
de Fortaleza (CE). Pois há -até
segunda ordem- um terceiro: a
"Folha do Povo", nascida há dois
anos em Campo Grande (MS). O
cargo de ombudsman, criado em
outubro de 2000, é ocupado pelo
jornalista Fabiano Maisonnave.
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Renata Lo Prete é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Renata Lo Prete/ombudsman,
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