São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2001 |
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OMBUDSMAN Razão e emoção
BERNARDO AJZENBERG
O que você, leitor, vê na fotografia acima? Se aos seus olhos o jogador argentino está dando um pontapé no brasileiro, você teve a mesma impressão que levou o autor da legenda publicada na capa da Folha de quinta-feira a escrever o seguinte: "O atacante Rivaldo disputa lance e é atingido por argentino, na partida em que o Brasil foi derrotado em Buenos Aires". Nesse caso, saiba que ambos estão equivocados. Captando o momento no qual o argentino acaba de chutar a bola, enquanto seu adversário se protege dando-lhe as costas, a magia da foto está em expressar simbolicamente a violência que, como sempre, marcou o confronto entre as duas seleções de futebol. Simbolicamente, apenas. Tirada a dezenas de metros do lance, com uma lente poderosa, a imagem pode sugerir, com efeito, que as travas da chuteira atingem o número 10 na camisa. Mas a realidade é outra. Apesar das aparências, os atletas, na verdade, não estão no mesmo plano. E entre eles pode-se estimar uma distância diagonal de pelo menos um metro. Levado, talvez, pela emoção da derrota frente aos argentinos, um leitor até poderia se deixar enganar pela ilusão de ótica. O mesmo, porém, não se deve admitir para a Folha. Com razão ou com emoção, houve, de todo modo, um erro crasso na legenda publicada. Tomou por real algo virtual. Próximo Texto: Briga com a notícia Índice Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor -recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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