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Choque de imagem
Chocante, revoltante, baixaria,
agressão visual, mau gosto, apelação, sensacionalismo, imagem
de um jornal de apelo mais popular, não do padrão da Folha...
Esses são os qualificativos usados por alguns leitores a propósito da publicação, no alto da Primeira Página de terça-feira (4),
da foto de um monitor de computador manchado de sangue ao
lado do boné de um policial morto em atentado a uma base da
PM em São Paulo.
Fotos desse tipo sempre geram
polêmica. A decisão sobre sua
publicação é, necessariamente,
subjetiva, assim como a recepção
por parte do leitor.
Reproduzo, a seguir, a visão do
editor de Fotografia, Eder Chiodetto, sobre esse caso:
"Imagens que, como essa, pela
natureza dramática, composição
crua e contundente, chocam o
leitor são evitadas na Folha. Há
formas mais sutis e não menos
precisas de narrar em imagens a
violência e as atrocidades. Há
momentos, porém, em que, diante da barbárie, representada aqui
pelos ataques de uma organização criminosa contra o Estado e
contra a população, o jornal precisa elevar o tom da sua cobertura, como forma de alerta ao leitor. Essa imagem equivale a isso:
um grito de alerta. Desagradável,
triste, absurda e incômoda como
o fato que ela relata."
Paula Cesarino Costa, secretária de Redação do jornal, endossa essa posição:
"A imagem é jornalisticamente
justificável. Ela, de alguma forma mostra que foram ataques e
não confrontos. A "agressividade"
apontada pelos leitores é, de fato,
a agressividade utilizada pelos
"bandidos", e consideramos que
deve ser mostrada, que é legitimo
mostrá-la."
Considero plausível o protesto
dos leitores. Já critiquei em outras ocasiões, com base nos mesmos qualificativos, imagens editadas pela Folha.
Mas, nesse caso, tendo a concordar com a opção adotada pelo
jornal. Apesar de "forte" e incômoda, penso que aquela imagem
-até por não exibir, por exemplo, um corpo atingido- está,
ainda, dentro do limite daquilo
que é publicável pela Folha numa situação tão grave como a relatada.
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Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
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