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A novidade
A maior novidade no noticiário das eleições deste ano, até
agora, foram as entrevistas feitas
com os principais candidatos
nos telejornais da TV Globo.
Redimir-se de um passado
pouco glorioso, curvar-se, na batalha pela audiência, à necessidade de ajustes para manter a
credibilidade numa sociedade
na qual as cobranças tendem a
crescer na proporção em que a
cidadania, mal ou bem, avança
-pode-se discutir horas a fio a
respeito dos motivos que levaram a emissora a mudar o seu
enfoque e a adotar, nessa cobertura, posicionamento que prioriza isenção, visão crítica, busca
da verdade.
O fato é que, desde as primeiras entrevistas no "Jornal Nacional", no início de julho, até as do
"Jornal da Globo", semana passada, o que se viu foram candidatos de semblante perplexo, às
vezes acuados, firmemente questionados, sem que se possa dizer
que tenha havido favorecimento
expressivo a algum deles.
Há até quem diga que os entrevistadores têm sido agressivos
demais, inquisitoriais, mal-educados (um site na internet, sexta-feira, alimentava discussões a
esse respeito).
Embora enxergue certa artificialidade, certa ansiedade quase
juvenil na postura de alguns
-ruído, talvez, entre o hábito de
diante da câmera serem sobretudo apresentadores de notícias e
se verem levados súbito a inquirir incisivamente políticos cara-a-cara-, embora também detecte neles alguma falta de cintura para arrancar do candidato
aquilo que suas perguntas buscam, penso, apesar disso, que o
resultado é positivo.
Talvez seja esse um caminho
para desmontar ao vivo, de supetão, friamente, as personas
moldadas pelos marqueteiros,
habituadas, muitas vezes, a
"enrolar". Não deixa de ser, esta,
uma das funções irritantes, mas
indispensáveis do jornalismo.
Carlos Henrique Schroder, diretor da Central Globo de Jornalismo, contou-me que até agora
as perguntas têm sido preparadas com semanas de antecedência a partir de reuniões "de tarde
inteira" entre dez pessoas (a cúpula do jornalismo e os entrevistadores) e pesquisas posteriores
que lhes dêem sustentação (documentos, fatos, números).
Afirma, ainda, que, "aconteça
o que acontecer", qualquer que
seja o desenrolar da disputa sucessória ou o comportamento
das curvas nas pesquisas de intenção de voto, "manteremos a
mesma postura".
A torcer e conferir.
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