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Cachorro morto
Como se previa, Jader Barbalho (PMDB-PA) virou a "bola da
vez", pelo menos desde junho.
Até aí, tudo bem. É democracia.
Soa insatisfatório, porém, o
tratamento recente dado ao senador no noticiário.
Ao menos na Folha -que busca tanto ser implacável na apuração e veiculação de acusações
quanto prezar o equilíbrio, as
versões envolvidas na notícia-
Jader foi tratado nos últimos
dias como típico cachorro morto.
O jornal publicou longa entrevista em 25 de julho, na qual o
senador pôde se estender.
No entanto, de lá para cá,
quanto mais se estreitava o cerco
contra ele, mais se esfacelava o
princípio do "outro lado".
Na última segunda-feira, a reportagem "Dossiê Banpará chega ao conselho de Ética" não trazia uma linha da defesa de Jader. O mesmo se deu em "STF
decide quebrar sigilos bancário e
fiscal de Jader" e "Brindeiro pede
ao STF quebra no caso Banpará", na terça.
Depois o lapso se acentuou. O
texto "Supremo devolve quebra
de sigilo de Jader a Brindeiro" e o
quadro "As investigações contra
Jader", de quinta, ignoram as
alegações do senador.
O erro se repete na sexta, em
"Conta de Jader recebeu R$ 479
mil, diz nota", ou na arte sobre
suas movimentações bancárias.
Fernando Barros e Silva, editor
de Brasil, afirma que o senador
"tem se esquivado da imprensa".
Admite, porém, que "seria melhor pecar por redundância, e
não por omissão, dando visibilidade tanto ao esforço malsucedido do jornal em ouvi-lo como a
seus argumentos publicados anteriormente".
Com efeito, é provável que Jader esteja fadado à renúncia ou
à cassação. Mas não cabe ao jornal decretar de antemão, contra
prescrições de seu "Manual da
Redação", o enterro político do
peemedebista.
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