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ENTREVISTA
A maioria cobre mal a corrupção
Claudio Weber Abramo é diretor-executivo da Transparência Brasil e coordena o arquivo
"Deu no Jornal".
Ombudsman - Muitos leitores
reclamam do excesso de reportagens com denúncias de corrupção. Dizem que parece que todo
mundo é corrupto. Há excesso?
Claudio Weber Abramo - Não
creio que haja excesso de cobertura. Na verdade, o que o levantamento do "Deu no Jornal"
mostra é o contrário: a maioria
dos 62 jornais brasileiros acompanhados cobre corrupção
muito mal, pouco freqüentemente e com pouca constância.
Os jornais que cobrem o tema
com regularidade -que são a
Folha, o "Estado", "O Globo",
os veículos dos Diários Associados e alguns poucos outros-
reagem à importância que o público confere ao tema. Em todo
levantamento de opinião que se
faz, a corrupção aparece entre
os primeiros lugares na pauta de
preocupações das pessoas. Os
jornais que cobrem pouco a corrupção erram por não atenderem às expectativas de seus públicos.
Ombudsman - Os jornais têm alguma influência na inibição da
corrupção?
Abramo - Sim, indiretamente.
Ao apresentar os assuntos ao
público e aos formadores de
opinião, a imprensa estimula
reações e cobranças. Caso os temas não fossem cobertos pela
imprensa, não haveria tal reação, e os agentes públicos não
seriam pressionados. Quanto
aos jornais cumprirem bem esse
papel, não o fazem uniformemente. Há Estados em que as
oligarquias locais dominam tudo, da política à imprensa. Nesses casos, a imprensa não é independente e funciona como
sustentadora dos interesses dessas oligarquias. Já os jornais
com influência nacional e as revistas semanais cumprem um
papel importante.
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