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Imprensa e corrupção
E a imprensa brasileira, ela cobre bem os casos de corrupção
das outras instituições? Apelo
para nova pesquisa, esta um levantamento feito pela Transparência Brasil para a coluna com
base no arquivo "Deu no Jornal", um banco de dados com o
noticiário publicado em 66 jornais e revistas de todos os Estados sobre a corrupção e seu combate.
"Deu no Jornal" começou a arquivar reportagens em janeiro
deste ano e tem um banco com
mais de 16 mil notícias disponíveis na internet (www.deunojornal.org.br). É o arquivo mais
completo sobre o assunto.
O levantamento feito para a
coluna separou as coberturas
realizadas pelos três grandes jornais, Folha, "Estado" e "Globo".
No período de nove meses (de
15/2 a 15/11), esses três jornais
acompanharam 290 assuntos diferentes (4.334 reportagens) a
respeito de corrupção, aí incluídas as notícias sobre políticas de
combate ao crime. A Folha é o
jornal que mais reserva espaço
para esse tipo de cobertura. Faz
parte de sua tradição. No período, acompanhou 195 assuntos e
publicou 1.787 reportagens, uma
média de seis a sete reportagens
por dia.
Mas o "Estado" e "O Globo" estão muito próximos. O "Estado"
acompanhou 177 casos e publicou 1.395 reportagens; e "O Globo", 172 e 1.152.
As coberturas dos três focam
principalmente os casos que
ocorrem em São Paulo e no Rio,
os que envolvem a esfera federal
e os que atingem o Poder Executivo (Presidência, governos estaduais e municipais).
Isso significa dizer que esses
jornais cobrem mal os escândalos em outros Estados e municípios e que ainda dão pouca atenção para o Poder Judiciário.
O campeão absoluto de interesse foi o caso Waldomiro Diniz, com 523 reportagens (nos
três jornais), seguido de longe
pela Operação Vampiro (237) e
pelo caso Banestado (CPI e investigações da força-tarefa).
E aí se percebe outra falha: são
raras as investigações jornalísticas que se iniciam nas empresas
privadas. Uma exceção foi o caso
Kroll, um dos capítulos do enfrentamento entre a Brasil Telecom e a Telecom Italia.
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