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O sarro de Silvio
A mídia toda se viu obrigada a
registrar (e a especular sobre) a
entrevista com Silvio Santos publicada na quinta-feira pela revista "Contigo", dirigida principalmente ao público de TV.
Falando de Orlando (EUA), o
empresário dizia ali, em resumo,
ter vendido o SBT, estar sob severo tratamento médico, em cadeira de rodas, com doença gravíssima e prognóstico de, no máximo, seis anos de vida.
Uma bomba, obviamente, dada a celebridade do personagem.
As reportagens sobre a entrevista, assim como o bom-senso,
indicavam que tudo podia não
passar de marketing, uma "pegadinha" de Silvio.
A revista, que disponibilizou
para a mídia a fita da conversa,
tomara precauções no sentido de
checar as afirmações, publicando, com elas, as respectivas negativas de várias pessoas envolvidas, além de fotos que mostram
o empresário em boa forma. Sustentou a autenticidade da conversação, embora admitindo o
absurdo de seu conteúdo.
A mexicana Televisa -uma
das empresas que já teriam comprado o SBT, segundo Silvio-
negou, em reportagens de sexta,
que o negócio tenha sido fechado. Depois, em nota, esclareceu
que tem apenas intecâmbio de
programação e prioridade na
compra de ações caso Silvio decida mesmo vender a rede.
Em reportagem no "Boa Noite
Brasil", na TV Bandeirantes,
sexta à noite, Silvio -sem saber
que estava sendo filmado- desmentiu o que dissera à "Contigo" e afirmou que, da parte dele,
tudo não passara de "gozação".
E aí entra um aspecto, dentre
outros relevantes, deste que já virou um "case" jornalístico.
Na última pergunta editada
na revista, a jornalista indagava
a Silvio Santos: "Mas não vai ser
verdadeira essa notícia, não é?
Me diz que o senhor não está
doente e também que não vai
morrer tão cedo?"
Ao que ele respondia, ironicamente: "Qual é o problema? Você falou comigo, gravou, foi essa
a informação que eu te dei, coloca na capa, vai vender um monte de revistas. Depois, se eu não
morrer, é milagre."
O apresentador, ele próprio
um empresário de comunicação,
parece ter resolvido tirar um sarro do jornalismo, na linha de
que "o papel aceita tudo".
E o pior é que ele tem razão:
aceita mesmo.
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