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É pouco
Por falar em Painel do Leitor...
Em consequência de uma carta do delegado Valdemar Guadanhim, de Assis (SP), publicada
no sábado (7), a seção "Erramos" trazia no mesmo dia uma
nota admitindo que o jornal editou "indevidamente supostos casos de tortura como se fossem casos consumados".
O equívoco se deu na reportagem "Descaso com a lei estimula
tortura" (de 11 de abril), baseada
em relatório da ONU sobre direitos humanos no Brasil.
Ao apreciar um caso específico
de tortura que teria ocorrido em
delegacia de Assis, a nota acrescenta ter o jornal deixado de informar, ainda, que ele fora arquivado, em três diferentes apurações, por falta de provas.
Seria exagero comparar esse
episódio ao já infelizmente célebre caso da Escola Base, de 1994,
em que seis pessoas tiveram sua
reputação injustamente assassinada pela imprensa a partir de
acusações de abuso sexual de
crianças que se provaram insustentáveis.
Mas o teor em pauta é o mesmo. Alguém foi dado como responsável pela execução de tortura, sem comprovação.
É pouco constatar o engano
apenas num "Erramos". Tal como fez, por exemplo, no dia 7 de
junho, no texto "Folha erra ao
retificar notícia sobre a quebra
de sigilo de empresários", caberia, aqui, ao menos, uma reportagem sobre o equívoco cometido.
Parece que a imprensa, com o
olhar enevoado por sua capacidade fundamental de denunciar
mazelas reais, finge às vezes não
ter consciência do seu poder,
igualmente assustador, de destruição.
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