|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
E a Folha?
A Folha, como sói, teve bons e
maus momentos na cobertura.
1 - O jornal foi surpreendentemente ágil ao dar destaque à reportagem do "NYT" e às primeiras reações do governo, já no domingo. Explico a surpresa: a Folha, em várias ocasiões, não se
saiu bem na cobertura de fatos
que ocorrem no fim de semana.
Às vezes, ela só entra no caso na
edição de terça.
2 - Na edição de domingo, 9,
foi o único jornal que publicou a
íntegra da tradução da reportagem. Seus leitores puderam, portanto, julgar com melhores condições a qualidade do texto e se
posicionar.
3 - O noticiário de todos os
grandes jornais foi mais ou menos parecido, com pequenas diferenças.
4 - Na edição de quarta, 12, o
jornal não deu manchete para o
principal assunto da véspera, a
expulsão do correspondente do
"NYT". Preferiu destacar mais a
promessa do ministro Palocci de
estudar a possibilidade de algum dia fazer alguma alteração
na tabela do Imposto de Renda.
5 - A grande edição da Folha
foi a de quinta-feira, 13, e por
conta das colunas e artigos que
publicou. Embora quase todos
fossem desfavoráveis à decisão
do governo, teve o mérito de reservar seu espaço mais nobre da
seção "Tendências/Debates", na
página A3, para a defesa da medida feita pelo porta-voz da Presidência, André Singer.
6 - Se foi ágil no deslanche do
caso, no domingo, a Folha demorou a expressar para os seus
leitores o que achava da reportagem do "NYT" e da repercussão nacional. Seu concorrente,
"O Estado de S. Paulo", já na
terça-feira publicava seu primeiro editorial sobre o assunto.
"O Planalto reagiu "com o fígado'", uma crítica à reação do governo antes da decisão da expulsão. A credencial do jornalista foi cassada na terça e somente na quinta a Folha publicou o
editorial "Um erro".
7 - Grandes casos como esse
provocam a participação dos
leitores, e é importante que os
jornais abram espaços para as
manifestações. A Folha publicou, de segunda a sexta, 21 cartas de leitores, sendo que 11 contra a reação e a decisão do governo Lula e dez a favor, um resultado bem equilibrado e bem
diferente dos dois outros grandes jornais concorrentes. O "Estado" publicou 34 cartas ao longo da semana, sendo 27 contra o
governo, cinco a favor e duas
que podem ser classificadas de
neutras. E "O Globo" publicou
29 cartas no mesmo período,
sendo 18 contra o governo, oito
favoráveis, uma resposta oficial
e duas neutras.
A Folha deveria estudar a possibilidade de, em casos polêmicos como esse, abrir mais espaço
para as opiniões dos leitores.
Texto Anterior: O mau jornalismo e a liberdade de imprensa Próximo Texto: Entrevista: "O "NYT" continua muito arrogante" Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|