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Amostragem
O noticiário do julgamento,
pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), do pedido de habeas corpus do juiz aposentado Nicolau
dos Santos Neto, na quarta-feira, propiciou interessante amostragem de diferentes posicionamentos jornalísticos.
Dentre os chamados quatro
grandes jornais do país, "O Globo" foi o que fez o pior papel.
Na terça (12), trouxe o seguinte
título: "Nicolau deve ser solto
amanhã pelo Supremo". O texto
ia todo nesse tom.
A Folha não entrou nesse barco, mas é como se torcesse para
que ele estivesse certo. "Nicolau
dos Santos Neto pode ter prisão
preventiva revogada hoje", foi o
título sobre o assunto.
O verbo "poder" é sempre ruim
para título, pois, como se diz em
jargão jornalísitico, "tudo pode".
Mas o fato é que o jornal optou
por escrever que o juiz aposentado podia ser solto em vez de adotar tom neutro.
Tom este, diga-se, empregado,
corretamente, pelo "O Estado de
S.Paulo": "STF julga hoje pedido
de habeas corpus de Nicolau".
Mas quem nesse dia acertou
mesmo, como fruto de apuração
jornalística, foi o "Jornal do Brasil", cujo título, na reportagem
sobre o caso, dizia: "Habeas a
Nicolau deve ser negado pelo
STF", o que, de fato, aconteceu.
Algumas hipóteses podem explicar -sem justificar- a tendência equivocada da Folha e do
"Globo" no episódio.
A primeira é simples: desinformação. A segunda: contágio pelo
pessimismo reinante no país, onde se aposta sempre no pior. A
terceira: absorção acrítica do otimismo da defesa do juiz.
O mais provável é que tenha sido uma mistura disso tudo.
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