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Por que não?
No cardápio de temas da caixa de correspondência da ombudsman, a foto de Marta Suplicy em uma boate gay sucedeu
a manchete "Kuerten troca ouro por dinheiro". Não provocou
o mesmo número de manifestações do caso anterior, mas pode-se dizer que ficou com o posto de
"protesto da semana".
A imagem saiu na Primeira
Página de sábado, 9 de setembro. Mostrou a candidata do PT
à prefeitura paulistana no momento em que deixava a casa
noturna "A Loca", depois de
uma visita de 15 minutos. Ao
fundo, dois frequentadores do
local, um deles uma drag queen.
Um leitor considerou a escolha um "claro equívoco editorial". Outro viu "sensacionalismo". "Marta parece assustada",
escreveu um terceiro, "com a expressão de alguém que não queria ser visto". Se não queria, entende esse leitor, o jornal deveria
tê-la deixado em paz.
As mensagens tinham em comum a previsão de que uma foto como aquela causaria dano
eleitoral à candidata.
"Por que colocar imagens que
não serão compreendidas por
grande parte da classe média da
cidade?", perguntou um leitor.
"A Folha se aliou aos que disseminam preconceito", opinou
outro.
Sinto, mas desta vez discordo
dos leitores. Marta lidera a disputa. Sua história política está
ligada à defesa dos direitos de
minorias. Dias depois de dois
atentados ocorridos em São
Paulo, um deles contra a organização da Parada Gay, ela foi
fazer campanha na boate.
Decidiu, portanto, não esconder sua ligação com essa causa.
Se ela não escondeu, por que o
jornal deveria fazê-lo? É notícia
sob qualquer ângulo que se
analise. A menos que se espere
que a Folha coloque candidatos
no colo, e não que faça jornalismo.
Para completar, Marta saiu
da semana com mais intenções
de voto do que entrou, de acordo com o Datafolha. Ainda que
não se possa estabelecer relação
entre sua incursão pela noite e
esse crescimento, mal a ida à
boate não lhe fez.
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Renata Lo Prete é a ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
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