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A escolha de Ruth
"A sra. pretende votar em alguma delas?", perguntou a Folha à Ruth Cardoso. Elas são as
duas mulheres na disputa pela
prefeitura paulistana. Resposta:
"Vou esperar a campanha delas
para ver quem me convence".
Com base nesse diálogo, o jornal achou por bem concluir, no
título da entrevista publicada na
segunda-feira, que a primeira-dama "diz estar entre Marta e
Erundina".
Observei na crítica interna que
a frase era um tanto gelatinosa
para sustentar tal enunciado,
comportando a hipótese de que
ela não se deixe convencer por
nenhuma das duas (ou que se
deixe convencer mas não queira
ou não possa declará-lo, o que dá
no mesmo).
Não foi surpresa, portanto, ver
a carta que abriu o "Painel do
Leitor" de quarta-feira: "A pergunta levou a edição a produzir
título que não representa minha
posição. Esclareço que vou analisar as propostas de todos os candidatos para então decidir meu
voto".
A mulher do presidente aproveitou para passar um pito no repórter por "dedicar espaço precioso a considerações sobre minhas roupas", perdendo "boa
oportunidade para discutir a situação mundial da mulher" (ela
havia participado de reunião sobre o tema em Nova York, onde
foi feita a entrevista).
No mesmo dia, reportagem
com declarações de FHC trazia a
seguinte memória: a primeira-dama havia "afirmado à Folha
que esperaria a campanha para
decidir se votaria em Luiza
Erundina ou em Marta Suplicy".
Como na brincadeira de telefone sem fio, essa versão é ainda
mais distante das aspas da entrevistada do que o título de segunda-feira.
Era evidente que ele daria problema. Ao menos em público, os
tucanos ainda não abandonaram a tarefa sobre-humana de
tirar do chão a candidatura de
Geraldo Alckmin. E Ruth Cardoso não é o tipo de pessoa que facilita a vida da imprensa calculando mal as palavras.
Havia um jeito simples de tirar
questão a limpo antes de publicar a entrevista: refazer a pergunta. Infelizmente, esse recurso
não costuma entusiasmar jornalistas. Com meia notícia na mão,
temem ficar sem nenhuma. Preferem retocá-la para parecer notícia inteira.
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