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OMBUDSMAN
Correções mais rápidas
MARCELO BERABA
A Folha é provavelmente o
jornal brasileiro que mais
publica correções. Apenas no primeiro semestre deste ano, foram
551, o que dá uma média aproximada de três erros de informação
reconhecidos por dia. Mas o tempo que leva para editar suas
emendas é demasiadamente longo, em alguns casos desrespeitoso.
Levantamento feito pelo setor
de Pesquisa do Banco de Dados
do jornal na edição São Paulo, a
meu pedido, mostra que, em média, um erro leva quase nove dias
para ser reconhecido pela Redação e corrigido na seção "Erramos", na página A3.
O recorde nesses seis meses pesquisados é do caderno dominical
Mais!. Seus erros foram corrigidos, em média, depois de duas semanas de terem sido publicados.
Grandes editorias diárias como
Brasil, Ilustrada, Cotidiano e Dinheiro levam em média de dez a
12 dias para retificar um erro.
É muito tempo, mesmo levando
em conta que uma correção não
deve ser automática porque às vezes exige um trabalho de checagem para saber se é erro mesmo
ou não. Pior que uma correção é a
correção da correção.
Mas a cautela não explica, por
exemplo, como o erro em uma legenda de foto publicada na coluna "Mônica Bergamo" tenha levado exatos 126 dias para ser corrigido. E saiu assim, no dia 8 de
março: "Diferentemente do publicado na coluna "Mônica Bergamo" do dia 3/11/03 (Ilustrada, pág.
E2), o nome da foto de Nan Goldin é Valerie Crying, 2001, Paris;
a foto está à esquerda da página,
e não à direita". Quem há de se
lembrar do que se trata, exceto os
diretamente prejudicados?
Esse é caso mais demorado nos
seis meses analisados deste ano.
Mas há outros igualmente incompreensíveis.
O Mais!, já citado, levou 101 dias
para reconhecer um erro geográfico: "Diferentemente do que informou legenda na pág. 13 do caderno Mais! em 2/11, Kuala Lumpur não fica na Indonésia. A cidade é a capital da Malásia".
O caderno Dinheiro tem um
mais grave. Levou 88 dias para
publicar a seguinte correção: "O
texto "Mulher negra tem pior situação no mercado de trabalho"
(Dinheiro, pág. B4, 19/11/2003) informou incorretamente que, em
São Paulo, as mulheres negras levam, em média, 14 semanas para
encontrar emprego, enquanto os
homens não-negros demoram 12
semanas. De acordo com o Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Ecônomicos), ambos gastam o mesmo tempo à procura de trabalho:
12 meses, em média -e não semanas".
Quem utilizou o jornal como
fonte nesse período reproduziu o
equívoco. Se foi numa prova de
vestibular, o erro pode ser fatal.
Veja esse outro caso, corrigido depois de 70 dias: "Diferentemente
do que foi publicado em "O movimento de 1964 e as formas de resistência" (Fovest, 29/1, pág. Especial 7), a TV Excelsior organizou
festivais de música popular brasileira somente em 1965 e em 1966.
Em 1967 e em 1968, eles foram organizados pela TV Record".
Há um outro em que tive que
me envolver diretamente porque
tinha participado da apuração
antes de ser nomeado ombudsman. Mesmo com as cobranças,
foram 73 dias até a editoria reconhecer que errara: "Diferentemente do publicado nos textos
"Perícia identifica diálogos de
Waldomiro" (Brasil, pág. A9, 23/
3) e "CPI decide fazer acareação
entre Waldomiro e empresário do
jogo" (Brasil, pág A6, 15/4), o publicitário Armando Dile, apontado como beneficiário de propina
pelo ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz, não morreu em um
acidente de trânsito, mas de
aneurisma cerebral -no dia 21
de dezembro de 2002".
É verdade que há erros graves e
erros leves, mas todos devem ser
retificados com presteza porque o
jornal é uma fonte de informação
e de prestação de serviços.
O levantamento feito pelo Banco de Dados mostra uma preocupação maior com a correção rápida em três áreas do jornal. O Guia
da Folha, revista de bolso que circula às sextas-feiras na cidade de
São Paulo com a programação
cultural e de entretenimento, corrige seus erros quase em tempo
real, com uma média que não
chega a dois dias. Como a revista
é impressa de quarta para quinta-feira, é possível fazer uma checagem dos erros e corrigi-los na
própria sexta-feira.
Os outros dois casos são os que
têm a obrigação de dar exemplo
para o resto da Redação: a Primeira Página e Opinião, que redige os editoriais. Ambos levam em
média três dias.
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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
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