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Informação às escuras
No final de fevereiro, o jornal
informou que a Prefeitura de
São Paulo havia rompido contrato com a Eletropaulo e que
assumiria, em 1º de março, a
responsabilidade pela manutenção e ampliação da rede de
energia da cidade.
Seja pelo caráter essencial do
serviço, seja pela folha corrida
da administração municipal, é
notícia para deixar o leitor em
alerta.
Mas o tom da reportagem era
tranquilizador. O secretário entrevistado "descartou" a possibilidade de problemas, "porque
os contratos (com as seis empresas que realizarão os trabalhos)
prevêem multas e até rescisão
em caso de falhas".
O leitor já ouviu essa conversa, o jornalista também, mas este fez de conta que acreditou.
Além do secretário, apenas a
Eletropaulo foi procurada. Ainda assim, só para negar a versão
de que cobrava demais pelo serviço.
Na terça-feira passada saiu
nova reportagem, desta vez para informar que o "modelo adotado pela prefeitura piorou o
serviço e multiplicou as queixas
da população".
O texto fornecia números da
explosão de reclamações e registrava que em locais como o Jardim Santa Terezinha, na zona
sul, algumas ruas ficaram até
duas semanas sem luz.
Há um padrão no tratamento
dessas questões. Na hora de
anunciar privatização, terceirização, o que for, ouvem-se exclusivamente fontes oficiais.
Sempre, de acordo com elas, tudo será para melhor. Ninguém é
chamado para duvidar.
Tempos depois surge nas páginas um outro tipo de reportagem, para dar conta de que as
coisas não estão nada bem para
o consumidor. O tom é quase de
surpresa.
A Folha não precisa ter bola
de cristal. Basta cumprir sua
obrigação de desconfiar. Não
faltam antecedentes para justificar essa atitude.
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