São Paulo, domingo, 19 de março de 2000


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Informação às escuras

No final de fevereiro, o jornal informou que a Prefeitura de São Paulo havia rompido contrato com a Eletropaulo e que assumiria, em 1º de março, a responsabilidade pela manutenção e ampliação da rede de energia da cidade.
Seja pelo caráter essencial do serviço, seja pela folha corrida da administração municipal, é notícia para deixar o leitor em alerta.
Mas o tom da reportagem era tranquilizador. O secretário entrevistado "descartou" a possibilidade de problemas, "porque os contratos (com as seis empresas que realizarão os trabalhos) prevêem multas e até rescisão em caso de falhas".
O leitor já ouviu essa conversa, o jornalista também, mas este fez de conta que acreditou.
Além do secretário, apenas a Eletropaulo foi procurada. Ainda assim, só para negar a versão de que cobrava demais pelo serviço.
Na terça-feira passada saiu nova reportagem, desta vez para informar que o "modelo adotado pela prefeitura piorou o serviço e multiplicou as queixas da população".
O texto fornecia números da explosão de reclamações e registrava que em locais como o Jardim Santa Terezinha, na zona sul, algumas ruas ficaram até duas semanas sem luz.
Há um padrão no tratamento dessas questões. Na hora de anunciar privatização, terceirização, o que for, ouvem-se exclusivamente fontes oficiais. Sempre, de acordo com elas, tudo será para melhor. Ninguém é chamado para duvidar.
Tempos depois surge nas páginas um outro tipo de reportagem, para dar conta de que as coisas não estão nada bem para o consumidor. O tom é quase de surpresa.
A Folha não precisa ter bola de cristal. Basta cumprir sua obrigação de desconfiar. Não faltam antecedentes para justificar essa atitude.


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