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Para especialistas
Um dos pontos de apoio do jornalismo da Folha é a idéia de
que se deve poupar tempo e trabalho ao leitor, evitar que, da leitura, sobrem dúvidas no ar.
Alguns exemplos da última semana mostram, porém, a dificuldade que o jornal encontra
para aplicar esse princípio.
Na segunda-feira, ao noticiar
mais uma vitória do Cruzeiro no
campeonato Brasileiro, texto em
Esporte mencionava que um
atleta sofrera uma "fratura do
malar", sem explicar o que isso
significa (vi depois, no dicionário, que se tratava de algo relacionado à maçã do rosto).
No dia seguinte, Dinheiro informava que o governo submeteria a partir daquele dia o seu
projeto de Parceria Público-Privada (PPP) à consulta pública. O
que vem a ser essa consulta? Como ela funciona? Não havia nenhuma explicação.
O tratamento dado à cobertura sobre esse projeto, aliás, deixou a desejar nos dias seguintes.
Na quarta, o jornal o destacou
na manchete e trouxe, internamente, detalhes sobre como ele
deve funcionar.
Apesar de todo esse destaque,
porém, o assunto -repleto de
pontos obscuros, polêmicas e
complexidades- simplesmente
desapareceu das páginas do jornal na quinta e na sexta.
Ainda na terça-feira, a Ilustrada exibiria um indesejável hermetismo em sua linguagem. Foi
ao apresentar o trabalho de uma
"ciberartista" de São Paulo em
três painéis eletrônicos interativos, que registram mensagens
das pessoas e "cuja proposta é
transformar cada mensagem
-de até no máximo 60 caracteres- enviada em um texto escrito com fontes não-fonéticas, o
que criaria um novo significado
ao texto inicial".
Como escrevi na crítica interna
daquele dia, "sinceramente,
aqui eu boiei".
A mesma sensação sobreveio
numa reportagem da quarta, em
Brasil, segundo a qual "o limite
de endividamento de São Paulo
(...) foi fixado em 120% do valor
da receita corrente líquida para
o montante da dívida consolidada líquida". Você entendeu?
Último exemplo, de sexta-feira: um interessante texto, em
Cotidiano, com dados sobre a
presença dos portadores de deficiência física ou mental em relação ao conjunto da população de
cada Estado não trazia nenhuma definição desse conceito, ou
seja, quem é considerado deficiente para efeito de pesquisa
formal ou oficial.
Entendo que, nesses casos, o
jornal, em vez de facilitar a vida
do leitor, encheu-lhe a cabeça de
interrogações.
Errei: o total de manifestações
de leitores ao ombudsman de janeiro a setembro de 2002 foi
5.992, e não 5.922, como publicado no quadro do texto "Números
do atendimento" na coluna do
último dia 5.
Foi redesenhada a página do
ombudsman na Folha Online.
Ela está com uma concepção
visual mais leve e uma navegação bem mais ágil. O endereço
está no quadro, logo aí embaixo.
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Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Bernardo Ajzenberg/ombudsman,
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