Manchete do Folhainvest de segunda-feira passada: "Eles são ousados, mas elas lucram mais".
Para chegar a essa conclusão, a reportagem colheu opiniões de quatro "consultores especializados em finanças". Apresentou ainda as histórias de uma moça "cuidadosa", que só aplica depois de refletir muito e aos poucos está se dando bem, e de um jovem investidor "de perfil agressivo", que agiu de forma atabalhoada e perdeu dinheiro.
A mistura rendeu duas páginas de conclusões taxativas sobre o comportamento de homens e mulheres.
Elas, "antes de tomarem uma decisão, querem ter certeza de que estão fazendo a coisa certa; quando perdem, assumem o prejuízo como parte do aprendizado; não se deixam abalar facilmente pelo vaivém das cotações".
Eles "são impulsivos e querem o lucro rápido; quando perdem, culpam o amigo, o gerente do banco, a política econômica; não suportam o vaivém do mercado acionário".
O leitor certamente conhece uma infinidade de pessoas de ambos os sexos que não se encaixam nas definições acima.
Também seria fácil encontrar um consultor que, no mínimo, alertasse para a impossibilidade de generalizar a partir de tão pouco.
Mas nada disso apareceu no jornal porque, nesse gênero de matéria, o personagem e o especialista têm de atender a um requisito básico: não atrapalhar o lide, por mais ralo que este seja.
Para piorar, a atração de segunda-feira foi reprise. Conversa semelhante já havia aparecido em duas ocasiões no caderno.


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