São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2000

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Dobradinha

"Carentes são preteridos em pacote antipobreza", afirmou o título de reportagem destacada na capa de domingo passado.
O texto creditou a "levantamento feito pela Folha" a descoberta de que 672 cidades ficaram fora do Projeto Alvorada, apesar de registrarem qualidade de vida inferior à de alguns dos municípios incluídos nesse programa do governo de combate à pobreza.
O parágrafo seguinte, no entanto, informou que "o problema foi identificado pela assessoria do PT no Senado". Afinal, perguntei à Redação, foi a Folha ou o PT?
Resposta: a assessoria alertou o repórter, que fez os cálculos e chegou ao número do enunciado.
Não é recomendável que reportagens sugiram dobradinha entre o jornal e o PT ou qualquer agremiação, mas isso ocorre com frequência. Aqui ficou mais evidente devido à ambiguidade do crédito.
O erro não está em utilizar essas informações. Por intermédio de parlamentares os jornalistas têm acesso, por exemplo, aos dados do Siafi, o sistema de acompanhamento dos gastos federais.
O problema é passar as histórias adiante mais ou menos do jeito que caíram no colo, sem confrontá-las com outras fontes que não o indispensável "outro lado".
A exclusão constatada na matéria aconteceu porque o governo optou por levar em conta, na primeira fase do programa, as condições de vida de microrregiões, e não de municípios isoladamente.
Entrevistada, a coordenadora do projeto defendeu a metodologia utilizada com uma série de explicações.
Imagino que devam existir vários argumentos em contrário. Mas, como o jornal não apresentou nenhum, sua crítica deixou impressão de inconsistência.


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