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Dobradinha
"Carentes são preteridos em
pacote antipobreza", afirmou o
título de reportagem destacada
na capa de domingo passado.
O texto creditou a "levantamento feito pela Folha" a descoberta de que 672 cidades ficaram fora do Projeto Alvorada,
apesar de registrarem qualidade de vida inferior à de alguns
dos municípios incluídos nesse
programa do governo de combate à pobreza.
O parágrafo seguinte, no entanto, informou que "o problema foi identificado pela assessoria do PT no Senado". Afinal,
perguntei à Redação, foi a Folha ou o PT?
Resposta: a assessoria alertou
o repórter, que fez os cálculos e
chegou ao número do enunciado.
Não é recomendável que reportagens sugiram dobradinha
entre o jornal e o PT ou qualquer
agremiação, mas isso ocorre
com frequência. Aqui ficou mais
evidente devido à ambiguidade
do crédito.
O erro não está em utilizar essas informações. Por intermédio
de parlamentares os jornalistas
têm acesso, por exemplo, aos dados do Siafi, o sistema de acompanhamento dos gastos federais.
O problema é passar as histórias adiante mais ou menos do
jeito que caíram no colo, sem
confrontá-las com outras fontes
que não o indispensável "outro
lado".
A exclusão constatada na matéria aconteceu porque o governo optou por levar em conta, na
primeira fase do programa, as
condições de vida de microrregiões, e não de municípios isoladamente.
Entrevistada, a coordenadora
do projeto defendeu a metodologia utilizada com uma série de
explicações.
Imagino que devam existir vários argumentos em contrário.
Mas, como o jornal não apresentou nenhum, sua crítica deixou
impressão de inconsistência.
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