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O leitor pergunta
RENATA LO PRETE
Em trabalho que precedeu o
lançamento, na semana passada, do site da ombudsman na
Internet, procurei reunir as perguntas mais repetidas nas manifestações que recebo.
O resultado mostra algo que
costumo dizer quando colegas
perguntam "do que o leitor tem
falado". Embora muitos comentem temas do momento,
como a cobertura do escândalo
municipal ou a tonelada de reportagens alusivas aos 500
anos, boa parte traz questões
que passam ao largo do cardápio de notícias e, portanto, das
preocupações dos jornalistas.
Pergunta campeã no período
recente: por que a versão eletrônica da Folha só pode ser lida
por assinantes do jornal e/ou do
Universo Online?
Explico que, segundo o UOL e
a empresa que edita o jornal, a
restrição atende a necessidades
de ordem estratégica.
O leitor invariavelmente rebate citando extensa relação de
jornais que garantem acesso livre à edição do dia.
Outra questão que jamais desaparece da caixa postal da ombudsman: por que os exemplares que circulam fora de São
Paulo não trazem os resultados
dos jogos de futebol da noite anterior?
Esclareço que um jornal com
a tiragem e a penetração nacional da Folha não tem como esperar até quase meia-noite para
iniciar sua rodagem.
Os exemplares que demoram
mais para chegar a seu destino
precisam ser os primeiros a ficar
prontos. Por isso não incluem o
relato das partidas e de outros
eventos noturnos.
Para completar o trio de perguntas mais frequentes: por que
há tantas cartas de autoridades
no "Painel do Leitor"?
Digo que, no entendimento
da direção do jornal, autoridades não deixam de ser leitores.
Além disso, a Folha considera
como uma das funções da seção
abrigar cartas que configuram
direito de resposta.
Muitas pessoas procuram a
ombudsman para reclamar da
coabitação. No momento, há
um leitor que esquadrinha diariamente o "PL" e me envia relatórios com os percentuais de
espaço ocupado por VIPs e anônimos, os primeiros não raro
em vantagem.
Uma seção exclusiva para o
chamado "leitor comum" é reivindicação antiga. Por limitação de espaço, o jornal não vê
condição de atendê-la.
As questões acima costumam
dar em um beco sem saída. A
resposta da ombudsman não é
a que o leitor espera, e ele dificilmente aceita os argumentos do
jornal. Mas pelo menos é possível discutir.
Pior é quando não há muito a
responder, o que ocorre com
perguntas como: por que as fotos têm "legendas de cego"?
Porque as legendas são feitas
com desleixo (foto do protesto
em Washington na edição de
terça-feira: "policial norte-americano prende manifestante
com uma rosa na boca", o que o
leitor podia perfeitamente ver
sozinho). A dúvida procede,
mas a resposta é curta.
Ou: por que o erro que eu
apontei não foi corrigido?
Na quarta-feira, um leitor telefonou para avisar que a principal matéria de Mundo dizia
que ocupantes de uma fazenda
no Zimbábue haviam matado
"a tiros" um criador de gado,
"espancado até a morte".
Percebi que o erro constava de
exemplares enviados ao interior
do Estado. Fora suprimido em
uma troca. Registrei o alerta na
crítica interna.
Outro leitor: "afinal de contas,
o homem foi morto a tiros ou
por espancamento?" Até ontem,
a editoria não havia esclarecido
que foi a tiros, retificando a frase atrapalhada.
Quase piada, o erro é o de menos. Coisa que acontece. O problema é por que não foi corrigido: porque a Redação não se
sente obrigada a dar uma satisfação ao leitor.
As perguntas mencionadas
aqui e várias outras estão,
acompanhadas de respostas, no
site da ombudsman
(www.uol.com.br/folha/ombudsman), parte de uma série
de mudanças na Folha Online.
Arquivo de colunas, esclarecimentos sobre a função e links
para sites de discussão jornalística estão no endereço. Há muito a fazer para aperfeiçoá-lo.
Conto com críticas, sugestões e
mais perguntas do leitor.
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Renata Lo Prete é a ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Renata Lo Prete/ombudsman,
ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
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