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A Folha e o PT "light"
A Folha teve comportamento
atípico na cobertura das eleições
internas do PT, realizadas no
domingo passado.
Intencionalmente ou não, fez
campanha para o deputado federal José Dirceu, presidente da
sigla desde 1995, tratando quase
como virtuais os outros candidatos à presidência do partido.
Ninguém duvidava da vitória
de Dirceu, mas havia dúvidas,
por exemplo, se ele a obteria já
no primeiro turno.
No dia do pleito, o jornal editou numa página uma foto em
duas colunas de Dirceu e, em outra, uma entrevista com ele,
também no alto.
Aos outros concorrentes, reservou um quadro e um pequeno
texto com suas "bandeiras". Pelas evidências, não mereciam o
mesmo espaço que ele, mas tampouco lhes cabia só o escanteio.
Na segunda, na reportagem
sobre a votação, só o deputado
foi ouvido, além do presidente
interino, José Genoino. O mesmo
se deu na quarta.
Esse alinhamento se manifestou também, de forma indireta,
na igualmente atípica condescendência diante do fiasco da
apuração eletrônica dos votos.
O partido queria "aproveitar a
eleição direta para fazer uma
"demonstração" prática da viabilidade de suas propostas para
aperfeiçoar o sistema de votação
eletrônica" (Folha, 16/7).
Apesar de registrar a confusão
na contagem centralizada dos
votos, o jornal não mostrou, efetivamente, a raiz do fracasso.
Ao contrário, deu chance, por
exemplo, para que Lula, adiantando-se a um questionamento
contundente, dissesse em tom jocoso: "Pagamos um mico".
Ainda há tempo para o jornal
apurar devidamente o que houve e, no mínimo, dar alguma voz
aos perdedores.
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