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Corda bamba
Poucos temas foram tão comentados durante a semana como a demissão da apresentadora Soninha da TV Cultura por
causa de reportagem da revista
"Época" sobre "celebridades"
que fumam maconha.
Embora discorde da medida
discriminatória e precipitada
da emissora -acerta o editorial
da Folha de quinta-feira ao dizer que ela não foi "muito pedagógica"-, o que mais interessa
destacar, aqui, é a relação entre
a vida privada do jornalista e
sua figura pública veiculada em
meio de comunicação.
Soninha não fez apologia da
droga. Além disso, deve ser respeitado seu direito de expressão.
Mas, como apresentadora de
programa para jovens, talvez
devesse ter-se preocupado mais
do que o fez com o tratamento
que se daria à reportagem e com
possíveis desdobramentos.
Pois há momentos em que a figura do jornalista se confunde
com a do veículo de comunicação (a Folha nada faria, por
exemplo, se um repórter de política declarasse seu voto em meio
a uma campanha eleitoral?).
Se a intenção era abrir debate
sobre o uso da maconha -debate necessário-, por que não
fazer com que ele se desenvolvesse no próprio programa que
apresentava?
A impressão é que, nesse caso,
a pessoa se sobrepôs à profissional -e ambas pagaram, em excesso, por isso.
Acerta a Folha ao manter Soninha como colunista, embora
falhe ao não dar explicação clara a seus leitores.
Nesse aspecto, melhor é a atitude transparente da ESPN, onde Soninha também trabalha,
cuja nota sobre o caso diz que a
emissora "não julga seus profissionais por opiniões e condutas
pessoais".
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