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Três casos de Istambul
O encontro da Organization of
News Ombudsmen, em Istambul
(Turquia), semana retrasada,
discutiu, entre outros pontos,
três casos significativos sobre o
papel do "advogado dos leitores". Vale a pena registrá-los.
1) "Le Monde" (França) - Ombudsman desde 1998, Robert Solé relatou o episódio em que sofreu censura do jornal. Foi na coluna de 2 de março deste ano, da
qual a direção suprimiu 15 linhas. Estas traziam a opinião de
que o jornal não devia reagir só
de forma genérica às acusações
contra sua cúpula contidas no
best-seller "A Face Oculta do
'Monde'" (lançado no início do
ano), mas sim esclarecendo pontos graves. Revelavam, ainda,
que a Redação estava recenseando erros do livro e os divulgaria
"cedo ou tarde".
Em vez de se demitir, Solé preferiu, na semana seguinte, republicar o trecho censurado, explicando o ocorrido. Ao lado, saiu
um texto explicativo, com pedido de desculpas, assinado pelo
diretor de Redação.
2) "The New York Times"
(EUA) - Apesar de louvar a decisão do jornal de criar um ombudsman ("public editor", ainda
não indicado) após o caso Jayson Blair, o encontro levantou
dúvidas sobre itens que podem
limitar sua força: a) a falta de
uma coluna com local e dia fixos
no jornal (prevê-se que ele escreva, mas sem se estabelecer regularidade); b) o fato de estar hierarquicamente subordinado ao
diretor de Redação em vez de ter
posição formal independente da
estrutura interna; e c) o prazo de
um ano de mandato, em experiência, sem maiores garantias.
A conferir.
3) BBC - Admitidos os erros do
jornalista Andrew Gilligan no
caso que gerou embate histórico
entre o governo e a rede pública
britânica, além do suicídio do
cientista David Kelly, e constatadas a partir daí falhas de controle interno na BBC, discute-se, ali,
a criação de um ombudsman.
Em artigo no diário "The
Guardian" (20/9), Alan Rusbridger, diretor de Redação desse jornal e que fez palestra em Istambul, defendeu a idéia: "Quanto
estrago e quanta tragédia poderiam ter sido evitados se a organização tivesse publicado com
rapidez um equilibrado e cauteloso esclarecimento sobre os
pontos da reportagem de Gilligan que não tinham como ser
defendidos". Também a conferir.
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Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Bernardo Ajzenberg/ombudsman,
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