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Um México a mais
Eis um caso revelador de como
jornalistas encontram, muitas
vezes, dificuldade para lidar com
estatísticas.
Na terça-feira, reportagem sobre relatório da Comissão Econômica para a América Latina e
o Caribe (Cepal) informava que,
segundo a instituição, havia, em
2002, 220 milhões de pobres na
América Latina (43,4% do total
da população), além de 95 milhões de indigentes (18,8%).
Pobres são os que têm renda
suficiente apenas para adquirir
bens de necessidade básica; indigentes, nem isso.
Na crítica interna, fiz uma pergunta: e os outros 38% da população? Como se dividem em classe média, ricos, muito ricos? Não
houve resposta.
Alertado depois por uma reportagem sobre o tema no diário
espanhol "El País", porém, consultei o relatório no site da Cepal
e constatei, como se diz, que o
buraco era mais embaixo.
À minha dúvida, o relatório,
de fato, não respondia, mas, em
compensação, ele desmentia o
que a Folha publicara.
Na verdade, o número de 220
milhões inclui os 95 milhões de
indigentes, sendo estes considerados uma espécie de categoria
dentro do total de pobres. Um
"Erramos" deve estar publicado
na edição de hoje (pág. A3).
Pelos dados inicialmente divulgados na Folha, o total de pobres e indigentes crescia, simplesmente, quase um México
(cerca de 100 milhões de habitantes). Não é pouca coisa.
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