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Carlos Heitor Cony
A Copa e as eleições
RIO DE JANEIRO - A Copa já está na metade e as eleições estão cada vez mais próximas. Embora haja entusiasmo do povo e da mídia, ainda não houve um grande jogo e o futebol exibido é medíocre.
Tirando pouquíssimos lances, a atuação do goleiro Júlio César contra a seleção do Chile, e uma falta, genialmente cobrada por Lionel Messi contra a Nigéria, tivemos uma sucessão de quase peladas.
O único craque tamanho-família que apareceu foi Neymar, um craque em ascensão mas longe de um Pelé, Garrincha, Didi, Tostão, Gérson, Nilton Santos e outros que brilharam em Copas recentes. Faltou um gigante, um Adamastor --monstro camoniano--, que pusesse no coração dos adversários "um grande medo".
Pulando da Copa para as eleições em outubro, acontece mais ou menos a mesma coisa, embora despojada do entusiasmo popular do qual todos participamos. E a razão para essa indiferença é também a ausência de um Adamastor entre os candidatos. Citando Camões outra vez; "uma nuvem que os ares escurece, sobre nossas cabeças aparece", a tripulação das caravelas borrava-se "de um grande medo".
Na corrida eleitoral, como no Mundial, faltam gigantes. Um ou outro partido merece respeito, mas a oferta de legendas e coligações não é suficiente para eletrizar o cenário.
Quando publiquei meu primeiro livro, um crítico do "Jornal do Brasil" entrevistou-me. Puxou uma frase minha para título: "O autor brasileiro enfrenta dois obstáculos: a mediocridade dos outros e a própria mediocridade".
Não entendo o Felipão. Ele diz que não dispensa Fred, mas o coloca parado na pequena área, cercado de dois ou três zagueiros. Poucas bolas chegam até ele.
Na Copa das Confederações, ele foi o grande destaque da seleção, e confirmou a sua capacidade de fazer gols deitado.