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Editoriais
Desaquecimento americano
O RESULTADO preliminar do
Produto Interno Bruto
dos Estados Unidos veio
abaixo do esperado pelos analistas. Projetava-se uma alta de
2,3%, impulsionada pelos novos
estímulos fiscais do governo
Bush. Segundo o Departamento
do Comércio, porém, o PIB cresceu 1,9% no segundo trimestre.
Em decorrência da explosão da
chamada "bolha imobiliária",
com a inadimplência das hipotecas de alto risco e a retração do
crédito, os investimentos residenciais apresentaram queda
pelo décimo trimestre consecutivo. A trava nos empréstimos
também resultou em retração do
consumo de bens duráveis. Ainda assim, os gastos dos consumidores, que representam cerca de
70% do PIB dos EUA, contribuíram com 1,1 ponto percentual do
avanço no segundo trimestre.
A novidade foi a participação
do comércio exterior, o qual adicionou 2,4 pontos percentuais ao
PIB. Sem essa contribuição, a
maior economia do mundo teria
dado marcha a ré.
Esse panorama de desaquecimento da atividade econômica
americana preocupa os mercados financeiros globais, sobretudo quando se evidencia que a Europa e o Japão também fraquejam. Se a economia mundial realmente se desacelerar nos próximos meses, os EUA terão menor
procura por suas exportações, e a
ajuda fiscal da Casa Branca também será menos eficaz.
O temor de recessão se reforça
com os dados do mercado de trabalho americano. Foram fechadas 51 mil vagas em julho e 463
mil no ano, segundo estatísticas
oficiais. O desemprego subiu para 5,7% em julho.
A crise desencadeada pela debacle imobiliária por ora está
confinada ao mundo rico, que
começa a ser salvo da recessão
pela demanda aquecida em países como China, Índia e Brasil. A
inflação e os juros em alta, no entanto, ameaçam a continuidade
desse curioso e raro cenário.
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