|
Próximo Texto | Índice
O PRESTÍGIO DE LULA
Pesquisa Datafolha publicada
hoje por esta Folha mostra que a
administração do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva permanece gozando da aprovação dos brasileiros.
Embora o percentual daqueles que
consideram o governo ótimo ou
bom tenha caído de 45% em agosto
para os atuais 42%, a oscilação está
dentro da margem de erro prevista.
Não é incomum que presidentes
obtenham bons índices de popularidade no primeiro ano de mandato.
Chama a atenção, porém, no caso de
Lula, o fato de que seu governo transcorra num clima de forte restrição
econômica -o que é percebido pela
população. Não é casual que tenha
havido uma elevação de cinco pontos
percentuais entre os que acreditam
que o desemprego vá aumentar.
As apreensões quanto ao desempenho da economia, no entanto, não
têm ainda repercutido de forma significativa no julgamento do governo.
É preciso considerar quanto a isso
que o forte aperto monetário, com
todas as suas consequências deletérias, acabou por superar a crise de
confiança que cercou o país no início
do ano. A inflação recuou e, com auxílio da conjuntura internacional,
houve queda da cotação do dólar e do
risco-país, indicadores abundantemente comemorados por setores da
mídia e pela propaganda oficial.
Espécie de "última esperança" do
eleitorado, Lula parece estar obtendo
a paciência que tem solicitado para
mostrar resultados. É legítimo crer
que seu poder de comunicação com
as classes de baixa renda esteja sendo
eficaz, apesar de alguns lamentáveis
destemperos. É sintomático que a
maior queda na aprovação tenha
ocorrido exatamente na faixa de renda acima de 10 salários mínimos.
A pesquisa não deixa dúvida de que
a imagem de Lula é um trunfo do governo. O desempenho pessoal do
presidente é aprovado por 60%, contra os 45% que aprovam sua administração. Num país tão sujeito a surpresas, prognósticos de longo prazo
não são recomendáveis. Parece razoável acreditar, porém, que, se a
reação da economia tiver efeitos sobre o emprego, Lula ainda poderá
manter por mais tempo a boa cotação que seu governo tem alcançado.
Próximo Texto: Editoriais: DE NOVO A SAÚDE Índice
|