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Editoriais
Sem limites
A PRIORIDADE ao investimento público continua
sendo mais um slogan do
que uma prática. É o que demonstram os números recém-divulgados das receitas e despesas do setor público brasileiro no
primeiro semestre deste ano.
Beneficiadas pelo crescimento
da atividade econômica, as receitas continuaram a galopar. No
caso do Tesouro Nacional, o
crescimento sobre o primeiro semestre de 2007 foi de 15,8%, a
despeito da extinção da CPMF.
Mas essa forte alta da arrecadação continua a ser, em grande
medida, dissipada por meio de
gastos correntes, que também
aumentam com velocidade.
Soma-se a isso o aumento da
despesa com juros. Pressionado
por vários fatores, de maio para
junho o gasto com juros acumulado em 12 meses subiu de 6,06%
para 6,21% do PIB.
Essa combinação de gastos
correntes e financeiros em alta
consome grande parte do aumento da arrecadação -de modo que o "excedente" disponível
para a realização de investimentos segue minguado. É essa, ao
lado de persistentes falhas gerenciais, a razão de o ritmo das
obras de infra-estrutura do PAC
continuar frustrante.
Ao anunciar o PAC, no início
de 2007, o governo Lula apresentou proposta para limitar o aumento das despesas correntes.
Essas regras, que acabaram esquecidas, fazem muita falta, tanto mais numa conjuntura em que
há importantes pressões inflacionárias a combater.
Na ausência de moderação no
gasto corrente, o aumento de juros é o único instrumento para
frear a demanda e, por conseguinte, os preços. É sabido que
juros ainda mais altos tendem a
realimentar círculos viciosos indesejáveis, ao pressionar as despesas financeiras do setor público e reforçar a apreciação do real.
Mas a opção mais saudável, de
moderar os gastos públicos correntes, continua desprezada.
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