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CLÓVIS ROSSI
De fatos e previsões
SÃO PAULO - Alguma coisa não
fecha nos números recentes da economia brasileira. Por partes:
1 - O desemprego de junho foi o
menor em 10 anos para esse mês.
Significa, portanto, que há mais
pessoas com emprego e, por extensão, com renda, do que havia no ano
passado, na mesma altura.
2 - A turma continua tomando
crédito com um apetite invejável,
mesmo com o aumento dos juros.
Vale a cultura de que não importa o
quanto se paga de juros, mas se a
prestação cabe ou não no bolso, como disse Altamir Lopes, chefe do
Departamento Econômico do Banco Central, quando foram divulgados os dados sobre crédito no primeiro semestre (crescimento de
14%).
Se o crédito cresce é porque os
consumidores têm confiança em
seu próprio taco e, por extensão,
ânimo para ir às compras, certo?
3 - Não obstante, a previsão de
crescimento da economia para este
ano foi reduzida para 4,8% pelo tal
de mercado, apesar de, no ano passado, o PIB ter aumentado 5,4%.
Pior: para o ano que vem, a previsão
é de medíocres 3,9%.
Tudo bem que previsões -do
mercado ou de economistas- foram feitas para serem desmentidas
pelos fatos, o que, no Brasil, ocorre
com espantosa freqüência.
Ainda assim, é difícil entender o
relativo pessimismo da previsão,
quando vários fatores reais (e não
previsões) levam a supor que daria
para repetir, basicamente, o resultado de 2007. A saber: há segurança
quanto ao emprego e, portanto,
com a renda; há confiança em tomar créditos. Foram esses dois fatores (renda e crédito) que ajudaram muitíssimo no crescimento de
2007.
A menos que os palpiteiros não
acreditem na cultura do juro que
cabe no bolso e achem que as contínuas elevações das taxas acabarão
mais cedo que tarde por derrubar o
consumo e o crescimento. A ver.
crossi@uol.com.br
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