São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Reforma agrária
"Diferentemente do que o editorial "Os sem-critério" (Opinião, pág. A2, 3/5) deixa transparecer, a edição da portaria MDA/nº 080 não está criando novos conceitos e estabelecendo novas regras, mas, sim, ordenando e consolidando os que já são utilizados ao longo de décadas. A reforma agrária é um processo complexo, que envolve diversas ações. Por maior que seja a vontade do governo, essas ações não podem ser realizadas a um só tempo. Pelo entendimento deste ministério, a reforma agrária é uma "fábrica" de agricultores familiares, um processo em que se busca incluir famílias do campo e proporcionar, gradativamente, a almejada cidadania. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra vêm tratando como família assentada aquela que, devidamente cadastrada em listas de candidatos e após ter sido entrevistada, foi selecionada para ingresso no Programa de Reforma Agrária e, portanto, teve concedido o direito ao uso da terra. Os balanços da reforma agrária divulgados pelo MDA levam em conta, no caso das famílias assentadas, não somente as que efetivamente já estão na terra mas também aquelas às quais já foi dado o direito ao uso da terra. Para não deixar nenhuma dúvida sobre os relatórios e estatísticas divulgadas pelo ministério, foi editada uma portaria determinando uma auditoria técnica nos programas de acesso à terra que tem prazo de 15 dias a contar de sua publicação para a conclusão dos trabalhos."
Gustavo Lira, coordenador-geral da assessoria de comunicação social do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Brasília, DF)

Nota da Redação - A novilíngua do ministério não se harmoniza com o português. Assentado não pode ser alguém que não esteja assentado.

Dá para confiar?
"Como podemos confiar nos governantes de nosso país se, ao depararem com situações que lhes são politicamente desfavoráveis, inventam índices e alteram critérios, sem nenhum pudor, com o único propósito de esconder a realidade desastrosa? Como exemplo temos -conforme amplamente noticiado- , em São Paulo, a maquiagem dos índices sobre a violência e, em âmbito federal, a ridícula metodologia oficial de medir o índice de desemprego desconsiderando quem não está procurando trabalho no momento da pesquisa -chegando assim ao bonito número de 6% de desemprego, quando, na realidade, o Dieese, instituto sério, indica a taxa em torno de 20%. Mas inacreditável mesmo foi a recente mudança do conceito de "assentado" para fins de reforma agrária perpetrada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário após a divulgação pela mídia da maquiagem referente aos assentamentos. Incrivelmente, a "nova metodologia" considera assentadas pessoas que estão meramente cadastradas. É mole?"
Giovane Serra Azul Guimarães
(São Paulo, SP)

Afronta
"É uma afronta ao povo em geral -e em especial à maioria dos trabalhadores simples e aposentados pelo INSS- a proposta de "plano de cargos e salários" do Judiciário da União, em que estão previstos reajustes de mais de 100%. Tal situação é uma imoralidade. Vem do próprio Judiciário, num corporativismo afrontoso, e precisa ser freada pelo Executivo e pelo Legislativo."
Heitor Vianna P. Filho (Araruama, RJ)

Investimentos
"Os mantenedores da ordem política fracassada do Brasil tentam boicotar a candidatura de Lula. Investidores norte-americanos e "norte-americanizados" estão tentando um verdadeiro golpe. É uma vergonha quererem nos tratar como verdadeiros idiotas. Os investimentos no país devem ser realizados para um bem comum e, se estão com propostas de investir menos por causa da colocação de Lula, está provado que a nossa economia está direcionada para fora e que, mais do que nunca, Lula precisa ser eleito para que não vivamos o que a Argentina está vivendo. Peço que a imprensa dê espaço a quem está, de fato, preocupado com o Brasil."
Fernanda Radtke Hinz dos Santos
(São Paulo, SP)

Vulgaridade
"Lamentável o espetáculo ocorrido no domingo passado, no parque Ibirapuera, quando um fotógrafo reuniu centenas de pessoas para posarem nuas. Em primeiro lugar, foi uma ofensa à memória de um dos mais ilustres paulistas, Ibrahim Nobre, justamente no momento em que São Paulo se prepara para celebrar os 70 anos da Revolução Constitucionalista de 32. Em torno de sua estátua, a Bienal apresentou o melancólico quadro vivo de um país que se despe das tradições e da lembrança de seus maiores. O culto à vulgaridade, que ocorre dentro e fora dos pavilhões atingiria apenas os incautos se não fosse também custeado por subvenções que oneram o bolso vazio do contribuinte. Oitenta por cento daquilo que vimos num dia de cansaço e tédio é descartável. Uma espécie de sucata cultural, que serve apenas para atravancar os espaços e a paciência."
Paulo Bonfim (São Paulo, SP)

Vidas no lixo
"Infelizmente, sou obrigada a parabenizar o cartunista Angeli pela charge "O lixo da história" (Opinião, pág. A2, 3/5). O que está acontecendo com o ser humano é simplesmente absurdo: vidas são tiradas e jogadas no lixo. Diante de tamanhos absurdos, falta a Angeli acrescentar mais um recipiente para todo esse lixo, o dos "políticos corruptos", pois esses são os maiores responsáveis por tanta desgraça na humanidade."
Renilda Munduruca (São Paulo, SP)

Estradas
"Em sua carta de 1º/5, o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, Moacyr Servilha Duarte, é muito cuidadoso nos números. Ele não se esqueceu de citar os bilhões de reais investidos, os 172 km duplicados, os 78 km de novas estradas, os 166 km de acostamentos, os 58 km de marginais, os 105 viadutos, pontes e retornos e as 55 passarelas. Ele só "se esqueceu" de citar o número de novos pedágios. Talvez um sinal positivo: esse pessoal começa a ter vergonha na cara. Mas, se era para omitir informação, melhor seria ele não se ter pronunciado."
José Henrique Polo (São Paulo, SP)

Pirataria
"A indústria, o governo e o comércio legal reclamam, mas são os maiores responsáveis pelo constante crescimento da pirataria. Os ganhos exagerados e os impostos extorsivos favorecem-na. Vejamos o caso dos CDs. Um disco chega da Ásia, com frete e tudo, custando centavos e, apesar do ganho da indústria de lá, dos atravessadores e do camelô da esquina, é vendido por um valor em torno de R$ 5. Enquanto isso, na loja, o preço gira em torno de 10% do salário mínimo. Se o "processo legal" não fosse tão ganancioso, a pirataria se extinguiria."
Humberto Schuwartz Soares
(Vila Velha, ES)



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