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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
A Previdência e o viver mais
O IBGE nos trouxe uma cesta de
boas notícias nesta semana.
Quanto à economia, a instituição informa que o PIB de 2004 poderá crescer acima de 4%, podendo chegar aos
5%. Quanto ao desemprego, o IBGE
registrou mais uma queda na taxa de
brasileiros desocupados (11,2%), o
que faz muitos analistas anteciparem
uma boa sofra de empregos neste ano.
A mais importante das notícias, porém, diz respeito às nossas vidas. Fazendo a revisão de suas projeções demográficas, o IBGE concluiu que, em
2050, os brasileiros viverão em média
81 anos. Esse é um salto extraordinário em relação à situação atual, em que
a vida média está em torno de 70 anos.
Mas é aqui que se coloca um imenso
desafio para o Brasil. Viver mais é desejo de todo ser humano. O mais importante, porém, é viver mais e viver
bem. Isso depende basicamente de
boa saúde e boa Previdência Social.
O envelhecimento da população coloca a necessidade de uma verdadeira
revolução nas políticas de saúde. No
ano 2000, o Brasil tinha menos de 2
milhões de pessoas com 80 anos de
idade. Em 2050, terá 14 milhões, sem
contar a imensidão de pessoas entre
70 e 80 anos.
Seremos um país da terceira ou
quarta idade. As políticas públicas na
área de saúde terão de ser todas reformuladas. Os idosos sempre estão sujeitos a mais doenças e a acidentes
inesperados. O consumo de medicamentos e equipamentos aumenta. A
demanda por serviços médicos, odontológicos e psicológicos é enorme. Para que os "novos velhos" possam viver
bem, a atual estrutura de atendimento
terá de ser substancialmente ampliada
e melhorada -o que custa muito dinheiro.
O aumento da vida média produz
um alongamento dos anos em que as
pessoas ficarão aposentadas. Isso significa que o atual sistema previdenciário terá uma pressão crescente para
atender os que se aposentam.
Se o sistema é deficitário hoje em
dia, quando a vida média é de 70 anos,
o que será em 2050, quando a vida média atingirá os 81 anos? Muitas pessoas
viverão até os 90 anos. Se elas se aposentarem aos 60, como reza a lei de
hoje, elas dependerão da aposentadoria por 30 anos!
É evidente que a Previdência Social
terá de mudar para atender a essa revolução demográfica. Para o INSS, se
aumenta a quantidade de idosos (que
geram despesas) e diminui a quantidade de jovens (que geram renda), é
óbvio que a Previdência Social terá de
elevar a idade de aposentadoria.
Tais mudanças são sempre difíceis
quando implantadas de chofre. Os dados do IBGE são verdadeiras senhas
para os sistemas de saúde e de aposentadoria introduzirem mudanças agora para entrarem em vigor a partir de
2010. A demografia está dada. Resta-nos adaptar as instituições existentes.
Só dessa forma poderemos contar
com uma sociedade melhor e mais segura para nossos filhos e netos.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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