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VALDO CRUZ
Juventude morta
BRASÍLIA - O Brasil está matando sua juventude. Quem duvida que fique atento à pesquisa a ser divulgada pela Unesco, o braço da ONU para
educação e cultura.
Batizada de Mapa da Violência,
vai mostrar um dado dramático: a
taxa de mortalidade por homicídios
de jovens no Brasil saltou de 30% em
1980 para 54,5% em 2002.
O avanço da violência juvenil (15 a
24 anos) fica evidente quando se observa a taxa de homicídios nas outras
faixas da população. Em igual período, ela cresceu bem menos -passou
de 21,3% para 21,7%.
Numa lista de 67 países, o Brasil
ocupa a vexatória quinta posição na
taxa de homicídios de jovens -a
principal causa de morte na juventude brasileira, enquanto nos países desenvolvidos ela se concentra em acidentes de transportes.
Representante da Unesco no Brasil,
Jorge Werthein diz que o Mapa da
Violência pretende apontar caminhos para a trágica situação.
Uma solução simples e eficiente é o
projeto Abrindo Espaços, bem difundido em São Paulo. Consiste em abrir
as escolas nos finais de semana para
oficinas voltadas à comunidade.
Parte do diagnóstico de que o pico
da violência juvenil é no fim de semana. Atraindo o jovem para a escola, o
programa ajuda a retirá-lo de grupos
de riscos. Está presente em 6.000 unidades de ensino no país.
Buscar soluções para a juventude
brasileira é um caso de emergência.
Temos hoje 35 milhões de jovens. Nada menos que 7 milhões estão desempregados e fora da escola. Sem presente e sem futuro, diz Werthein.
Na contramão, ele aposta no governo Lula. Fala com entusiasmo da Política Nacional de Juventude, que o
ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) lança até o final do mês.
Tomara que esteja certo. Até aqui,
o governo Lula tem sido pródigo em
lançar programas que simplesmente
ficam patinando. Se o da juventude
tiver destino parecido, o Brasil ficará
cada vez mais distante de ser o tal
país do futuro.
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