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Editoriais
Mudança nos aeroportos
O PRESIDENTE da República
autorizou, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a concessão de dois importantes aeroportos -o Galeão, no
Rio, e Viracopos, em Campinas-
à iniciativa privada. A preocupação imediata do Planalto foi responder à pressão do governador
aliado Sérgio Cabral. Em campanha para que o Rio de Janeiro sedie os Jogos Olímpicos de 2014,
Cabral precisa demonstrar que a
cidade terá a infra-estrutura necessária para receber o evento.
A notícia, de todo modo, não
pode deixar de ser saudada, apesar do atraso injustificável -as
limitações da anacrônica infra-estrutura aeroportuária brasileira ficaram escancaradas na crise
aérea que começou no final de
2006. A confirmação de que um
novo aeroporto para a Grande
São Paulo será construído, mediante concessão à iniciativa privada, também merece elogios.
Mas o demônio mora nos detalhes. O presidente Lula já está dizendo que as mudanças na gestão de aeroportos não se darão à
custa dos empregos. Ora, uma
reforma para dotar de eficiência
a infra-estrutura aeroportuária
no país terá de atacar o empreguismo que campeia no segmento sob gestão estatal.
Daí a necessidade de que o governo federal apresente um projeto abrangente de mudanças.
Não basta anunciar a intenção de
privatizar alguns aeroportos; é
preciso solução que viabilize investimentos e ganhos de produtividade nos 67 aeródromos federais, inclusive os que, isoladamente, hoje não são lucrativos.
Um modo de resolver o problema seria privatizar em blocos:
quem ganhasse uma "jóia da coroa", como Cumbica, teria de administrar algumas unidades de
baixo potencial econômico.
Outro tema sensível ao aparelhamento petista é o futuro da
Infraero. Num sistema gerido
pela iniciativa privada, não haverá espaço para a estatal. Ela deveria ser extinta -ou reduzida
drasticamente e transformada
num birô de regulação.
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