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ALENTO À PAZ
Se a idéia por trás do Acordo de
Genebra, o plano alternativo para a paz entre israelenses e palestinos, era romper o marasmo nas negociações, ele foi plenamente bem-sucedido. A iniciativa, que não tem
sanção oficial de nenhuma das partes, arrancou elogios do presidente
George W. Bush. Mais ainda, contrariando pedido de Israel, o secretário
de Estado dos EUA, Colin Powell,
encontrou-se com os principais formuladores do plano, o ex-ministro
palestino Iasser Abed Rabbo e o ex-ministro israelense Yossi Beilin.
Cogita-se até mesmo de uma reunião entre os ex-ministros e o subsecretário de Defesa norte-americano,
Paul Wolfowitz, um dos mais ferrenhos defensores das políticas israelenses no governo Bush.
O apoio das mais altas autoridades
dos EUA ao Acordo de Genebra
mostra uma inflexão na política de
Washington para o Oriente Médio.
Não se trata, é claro, de uma mudança radical. Não há nenhum indício
de que os EUA vão deixar de apoiar
Israel ostensivamente como vêm fazendo nas últimas décadas. Ainda
que Bush quisesse rever o papel dos
EUA na região, não escolheria um
período pré-eleitoral para desagradar ao influente voto judaico. Ao que
tudo indica, a Casa Branca está acenando para as autoridades israelenses que elas precisarão fazer concessões maiores para manter vivo o plano de paz dos EUA para a região, que
se encontra imerso na letargia.
A nova atitude norte-americana representa um golpe para o governo do
premiê israelense, Ariel Sharon, que
vinha qualificando o plano como
"subversivo". O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser
Arafat, não chegou a apoiar oficialmente a iniciativa, mas a elogiou e
enviou uma delegação para a cerimônia de lançamento em Genebra, na
semana passada.
O Acordo de Genebra pretende resolver até os detalhes de um acerto final de paz. Diferentemente da iniciativa norte-americana e de outros
acordos anteriores, seus autores não
se furtaram a abordar questões polêmicas, como o estatuto de Jerusalém
(que ambos os lados reivindicam como capital) e o direito de retorno de
refugiados palestinos e seus descendentes às terras que possuíam no
que é hoje Israel (tópico que levou ao
colapso das negociações em 2000).
O acordo chega até a tratar das fronteiras entre os dois Estados.
Como não poderia deixar de ser, a
iniciativa de Genebra exigiu amplas
concessões das duas partes. Um
exemplo: os palestinos ficariam com
a maior parte de Jerusalém, mas abririam mão do direito de retorno.
Paradoxalmente, as concessões são
tão amplas e estão tão perto do limite
de não-aceitação para os dois lados
que o plano parece ter uma chance
real não de ser aceito imediatamente,
mas de recolocar a paz na agenda da
região, tornando-se um paradigma
para futuras negociações.
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