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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Câmara dos Deputados apura o maior assalto do país
Enquanto uma CPI no Rio de Janeiro faz progressos para identificar a propriedade das contas suíças
que abrigam mais de US$ 33 milhões
enviados do Brasil, o Senado Federal
sepultou uma CPI que investigaria as
denúncias de remessa ilícita de US$ 30
bilhões para bancos do exterior. Sim,
US$ 30 bilhões!
Em boa hora, a Câmara dos Deputados assumiu a empreita e promete
apurar o caso em tempo hábil. Esse dinheirão teria sido irregularmente remetido para o exterior através do Banco do Estado do Paraná -Banestado- (e de outros), no período de 1996
a 1999. É um montante colossal, equivalente ao empréstimo que o FMI fez
ao Brasil e que terá de ser pago com o
suor do povo.
A apuração dessa denúncia é fundamental para a moral do país. Se for falsa, que se punam os ímprobos delatores. Se for verdadeira, que se condenem os autores e se busque o dinheiro.
O que as autoridades não podem fazer
é jogar esse descalabro para debaixo
do tapete.
O assunto veio a público por meio
da imprensa, que apresentou uma
profusão de detalhes. O dinheiro era
remetido para o exterior por meio de
contas CC-5, iniciando a trajetória por
Nova York e terminando em vários
outros destinos, em nome de políticos, de empresários e de figurões da
República. Teria sido, assim, o maior
assalto da história do Brasil. A "super-lavanderia" fora montada nas barbas
do Banco Central, o que causa uma
profunda indignação a quem trabalha
e vive corretamente.
O aborto da CPI no Senado Federal
baseou-se em desculpas esfarrapadas.
Uma delas é que a apuração atrapalharia a tramitação das reformas. Outra é que o Poder Executivo vai retomar as investigações do fato.
Congratulações à Câmara dos Deputados por assumir essa responsabilidade sem abdicar das demais. A discussão das reformas está a todo vapor,
e a sua constitucionalidade já foi aprovada. É uma demonstração de que,
quando os parlamentares querem, os
projetos caminham com rapidez.
No caso dos US$ 30 bilhões, tudo indica que a CPI terá seu trabalho facilitado. O governo dispõe de farta documentação e inúmeros depoimentos de
profissionais importantes da Polícia
Federal, da Receita Federal e do Banco
Central. Isso será muito útil aos integrantes da Comissão.
Enfim, não havia por que deixar os
brasileiros às escuras diante de um assalto tão assombroso. Oxalá tudo seja
mentira e invencionice dos denunciantes, pois, do contrário, o desânimo e a desilusão tomarão conta da nação.
Seja o que for, o esclarecimento é urgente. Temos o direito de saber a verdade, e as autoridades têm o dever de
apurá-la, fazendo retornar o dinheiro
aos cofres públicos. É para isso que
pagamos impostos. Senhores deputados, parabéns e mãos à obra!
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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