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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Uma excelente oportunidade
Por incrível que pareça, a disparada dos preços do petróleo, associada à eliminação dos subsídios ao
açúcar de beterraba na União Européia, abriu largas portas de oportunidade para a agricultura do Brasil e de
São Paulo.
No que tange ao petróleo, tudo indica que os produtores estão batendo na
sua capacidade máxima, pelo menos
no curto prazo.
Não há dúvida de que o mundo terá
de partir para fontes alternativas de
energia, e o álcool é uma delas, graças
à sua flexibilidade e mobilidade de
uso. O Brasil saiu na frente e desenvolveu tecnologias que permitem a utilização direta do álcool em motores a
combustão. Do lado agrícola, houve
grandes avanços na qualidade e na
produtividade dessa preciosa matéria-prima que é a cana-de-açúcar.
Não é à toa que o Brasil é o único
país que tem motores inteiramente
propelidos a álcool. Nos demais países, quando muito o álcool é adicionado à gasolina.
No que tange ao açúcar, finalmente a
União Européia terá, daqui para a
frente, uma conduta consistente com
os princípios que prega a respeito do
livre comércio, por força de uma decisão da OMC. O açúcar de beterraba
produzido na Europa custa, em média, cinco vezes mais do que o açúcar
de cana produzido no Brasil, além de
ter um poder de adoçar menor. Foi
um bom presente para os consumidores da União Européia, que, aliás, já estavam a merecê-lo há muito tempo.
É verdade que essa decisão comporta recurso e que muita burocracia terá
de ser vencida para chegarmos à eliminação efetiva da exagerada taxação.
Não se pode comemorar a vitória de
uma guerra contra os subsídios, pois
muitos outros produtos permanecem
subsidiados ou classificados como
"sensíveis" e sujeitos a sobretaxas e
cotas. Mas, sem dúvida, foi a vitória de
uma importante batalha, a exemplo
do que ocorreu com o algodão e o aço
recentemente.
Tudo isso abre possibilidades de alavancarmos ainda mais os negócios da
agropecuária, em especial da cana-de-açúcar. O Brasil poderá ser um dos
maiores beneficiados com essa conjugação de fatores. Afinal, poucos são os
países que dispõem em abundância
de tanta terra, sol e água -além de
um povo disciplinado no trabalho. Isso vai permitir uma elevação substancial do superávit comercial e um aumento do nível de emprego direto e
indireto.
Dentro do Brasil, o Estado de São
Paulo será particularmente aquinhoado com os aumentos de divisas e de
empregos, pois, sozinho, responde
por cerca de 70% da produção de cana-de-açúcar, álcool e açúcar refinado
-e apresenta os níveis mais altos de
produtividade e eficiência do país.
Essa é a grande vantagem de possuirmos os bens de Deus na forma de
recursos naturais abundantes. Precisamos apenas que os seres humanos
os utilizem com racionalidade, aproveitando-se com juízo do presente divino.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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