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CLÓVIS ROSSI
A tortura da incompetência
BRUXELAS - Começou com os malchamados radicais, expulsos do PT
pelo crime de serem coerentes com
tudo o que o partido defendeu durante seus primeiros 23 anos de vida
(antes de chegar ao governo, claro,
que depois ninguém é de ferro).
Agora, o PT tira o senador Paulo
Paim (RS) da comissão mista do
Congresso que vai examinar o reajuste do salário mínimo, o que equivale a uma expulsão branca.
Paulo Paim foi, durante anos e
anos, a face visível do PT na questão
do salário mínimo. Infernizou a vida
de todos os ministros que propuseram reajustes ridículos para o mínimo. Certo ou errado, jamais foi desautorizado pelo PT. Ao contrário,
foi sempre utilizado pelo partido para mostrar à opinião pública o quanto o partido se preocupava com os pobres. Agora, é jogado fora sem mais
nem menos. Vê-se, pois, que contratar um trambiqueiro como Waldomiro Diniz para trabalhar em pleno
Palácio do Planalto é o menor dos pecados éticos cometidos pelo new PT.
O velho PT, aliás, demonstra que
não serviu para rigorosamente nada,
a não ser como veículo eleitoral.
Afinal, seu líder máximo, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu sub-líder, o
ministro José Dirceu, estão propondo
desvincular o mínimo da Previdência, a pretexto de permitir um reajuste maior do mínimo.
Aí vem o ministro Ricardo Berzoini
e mostra que a desvinculação afetaria negativamente 13 milhões de aposentados e só geraria efeitos positivos
para cerca de 3 milhões de trabalhadores do setor formal.
Visto de outro ângulo, significa o
seguinte: o PT de Lula e Dirceu não
conseguiu, em seus 23 anos de vida,
descobrir como fazer para, ao chegar
ao poder, melhorar o mínimo, a ponto de inventar de supetão uma fórmula que até um de seus liderados
acha um "sinal social negativo".
Pode ser que Berzoini também seja
expulso, mas o mais decente seria que
Lula e cia. dessem uma de Donald
Rumsfeld e aceitassem a responsabilidade pela tortura cotidiana que estão impondo ao país.
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