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MELCHIADES FILHO
Alto lá, Lulalá!
BRASÍLIA - É precipitado dizer
que as campanhas municipais têm
se curvado à influência de Lula.
Muitos se impressionam porque
candidatos da base do presidente lideram as pesquisas em 20 das 26
capitais. Esquecem, porém, que ela
já administra 21. Do ponto de vista
estritamente numérico, o Planalto
ainda não tem muito a celebrar.
Pouco se falou, também, que os
partidos pró-Lula lançaram 94 nomes para prefeito nas capitais. 94!
(Apenas em Teresina a coalizão se
uniu em torno de um postulante.)
Não há, e dada a quantidade, nem
poderia haver homogeneidade na
relação de Lula com todos os candidatos de PT, PMDB, PSB, PDT, PC
do B, PTB, PR, PP, PRB, PV, PSC,
PMN, PHS, PT do B, PTC e PRTB.
Micarla de Souza, que desponta
em Natal, por exemplo, é ligada a
José Agripino Maia (DEM), um dos
mais ferrenhos críticos do governo
federal. Contudo, por ser filiada ao
PV, ela foi parar na lista das "barbadas" lulistas nas capitais.
Do mesmo modo, como atribuir
ao presidente a ascensão de Eduardo Paes? Só porque o ex-pefelista e
ex-tucano (além de verdugo na CPI
dos Correios) aderiu ao PMDB? No
Rio, Lula fechou desde o início com
Marcelo Crivella (PRB) -e é este
quem tem caído nas pesquisas.
Ou tome-se Belo Horizonte. O
presidente só desceu do muro depois que Márcio Lacerda (PSB), cria
do tucano Aécio Neves, decolou.
Era Jô Moraes (PC do B) quem distribuía santinhos do petista.
Lula esbanja popularidade, mas o
diferencial do voto nos municípios
por enquanto é local: bem avaliado,
o prefeito garante a dianteira (sua
ou de seu representante); mal avaliado, cede terreno à oposição.
O único "efeito Lula" palpável até
aqui precedeu a campanha e dela
independe: a articulação que pôs 16
partidos no colo do presidente.
O "efeito Lula" eleitoral só será
comprovado no segundo turno, se
aplicadas surras no carlismo em
Salvador e no nome de Serra (Gilberto ou Geraldo) em São Paulo.
mfilho@folhasp.com.br
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