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FERNANDO RODRIGUES
Escalada conservadora
NOVA YORK - Foi até agora uma
aposta certeira para o republicano
John McCain a escolha de Sarah
Palin como candidata a vice-presidente. Vices quase nunca ajudam,
às vezes atrapalham, mas a jovem
governadora do Alasca galvanizou a
campanha entre os eleitores mais
conservadores dos EUA.
Branca, 44 anos, fotogênica,
bem-sucedida, casada com seu namorado de escola, cinco filhos (o
mais novo com síndrome de
Down), contra o aborto, a favor da
posse de armas e evangélica praticante, Sarah Palin é um apelo claríssimo para uma parcela nada desprezível dos eleitores.
Aqui, o voto não é obrigatório. Os
conservadores reagem com vigor
quando se sentem ameaçados por
uma mudança com a qual não concordam. A eleição do democrata Barack Obama, por exemplo.
Obama tem grande apelo entre os
eleitores jovens. Justamente os que
tendem a comparecer menos no dia
da eleição. Já a chapa McCain-Palin
é mais atraente para o eleitorado
mais velho e adepto de valores e
costumes conservadores -a clássica direita. Nos EUA, 51,3% são protestantes. Desses, 26,3% são evangélicos, como Palin.
Se esse grupo aparecer em massa
para votar no dia 4 de novembro, os
conservadores têm chance real de
manter a Casa Branca. Há indicações de uma movimentação em
curso. Grandes grupos religiosos já
começam a montar um sistema para enviar mensagens pró-McCain-Palin para os fiéis.
A escalada conservadora depende, por óbvio, de como Obama reagirá. Também não está claro se Sarah Palin se sairá bem quando submetida a um ambiente sem a coreografia dos comícios. Faltam menos
de oito semanas para o pleito, mas
tudo continua aberto. E hoje evaporou por completo a impressão de
dois meses atrás, quando muitos
previam um passeio dos democratas sobre os republicanos.
frodriguesbsb@uol.com.br
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