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ELIANE CANTANHÊDE
Há vida além de São Paulo
BRASÍLIA - Ao se encontrar com os prefeitos do PT eleitos ou reeleitos no
primeiro turno em capitais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhes
pediu que dessem uma "mãozinha" para a candidatura Marta Suplicy no
segundo turno. Especialmente os nordestinos, já que São Paulo é a capital
nacional dos nordestinos.
Cá com os nossos botões, não deveria ser o contrário? Em vez de Marcelo Déda (Aracaju) e João Paulo (Recife) darem uma força em São Paulo,
por que São Paulo não dá mais força
para o Norte e o Nordeste?
Aliás, os prefeitos eleitos estavam
ali, no Planalto, cara a cara com o
presidente da República, justamente
para dar esse recado nada sutil: "Lula, lembre-se da gente! O mundo não
começa e acaba em São Paulo!".
Além de Déda e de João Paulo, estavam ali os eleitos de Belo Horizonte,
de Rio Branco, de Macapá e de Palmas. O mais poderoso é justamente o
que está geograficamente mais ao
sul, Fernando Pimentel, de BH. E todos se queixam, intramuros, da hegemonia e do egocentrismo paulista.
Imagine se Luizianne Lins, em Fortaleza, e Nelson Pellegrino, em Salvador, tivessem tido 0,001% do apoio
($) que Marta Suplicy teve e continua
tendo em São Paulo? Tudo o que Luizianne teve foram 50 mil adesivos. E
ela pagou o frete.
Candidatos do PT no segundo turno também se reuniram, só que em
São Paulo, com a Executiva Nacional. O que eles querem? Ora, ora, presença, apoio, recursos.
Os eleitos nordestinos foram chamados a ajudar Marta em São Paulo,
mas os ministros, nordestinos ou não,
estão sendo chamados pelos correligionários de Fortaleza e do resto do
país a dar o ar da presença.
São Paulo é decisivo por todos os
motivos, mas o PT não pode perder
perspectiva. O partido tem o poder federal, ampliou seus espaços nas capitais e nos grandes centros e vai enfrentar muitas disputas pela frente
nos próximos anos.
Convém investir pesado em São
Paulo, mas sem gastar todas as suas
fichas ali, nem deixar um rastro de
amarguras ao longo do caminho.
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