|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Presidente do PT
RIO DE JANEIRO - Mais do que um lugar-comum ou rompante de boa
vontade. Todo presidente da República, ao ser eleito e empossado, declara com o máximo de sinceridade
que será o presidente de todos os brasileiros. É uma redundância porque,
pelo menos em teoria, ele será presidente de todos os brasileiros, independentemente de partidos, religiões,
raça etc. etc.
Na prática, o que vemos é o atual
presidente da República, após a eleição de domingo, esquecer o resto do
Brasil e presidir, como qualquer marqueteiro, a campanha da possível
reeleição de Marta Suplicy para o segundo turno.
Foi ao absurdo. Reuniu em palácio
os prefeitos do PT que ganharam no
primeiro turno e pediu que eles o ajudassem a reeleger a prefeita paulista.
E mais: tendo a capital de São Paulo
um grande número de nordestinos,
Lula apelou para a imaginação dos
prefeitos para que encontrassem uma
fórmula de fazer esse grande contingente de eleitores sufragar o nome de
sua candidata.
Chegou a detalhes técnicos, ao trivial variado da campanha. Nada de
Zeca Pagodinho, aconselhou bandas
de forró para mexer e deslumbrar a
alma nordestina do eleitorado que
poderá decidir a eleição.
Até aí, tudo bem. Mas, além do Zeca Pagodinho e do forró, o presidente
da República pode esquentar ainda
mais a sucessão da Prefeitura de São
Paulo com a sua caneta miraculosa,
liberando verbas e barganhando cargos que beneficiarão o PT e aquilo
que ele chama de "base aliada".
Acontece que o partido tem um presidente, tem diversos quadros, senadores, deputados federais e estaduais.
Contratou profissionais do mercado
para a tarefa de manter Marta na
prefeitura, fazendo o PT marcar ponto para a sucessão presidencial.
Ao reunir prefeitos vitoriosos e pedir que eles dêem a mãozinha necessária para vencer o PSDB, Lula deixa
de ser presidente de todos os brasileiros e atua como presidente de alguns
brasileiros.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Há vida além de São Paulo Próximo Texto: Antônio Ermírio de Moraes: Civilidade a ser respeitada Índice
|