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MELHORIA EXTERNA
A retomada do crescimento
mundial, sob a liderança da
economia americana e chinesa, juntamente com a elevação dos preços
das commodities, facilitou o processo de ajuste das contas externas dos
países emergentes. O conjunto desses países vem apresentando superávit em transações correntes desde
1999, impulsionados pelos asiáticos
e exportadores de petróleo. Em 2003,
o saldo positivo foi estimado em US$
207 bilhões pelo FMI. Isso vem permitindo a acumulação de reservas internacionais, que alcançaram, entre
os emergentes, US$ 1,37 trilhão em
dezembro de 2003. Estratégias
agressivas de acumulação de reservas foram desenvolvidas especialmente na Ásia a fim de evitar a volatilidade das taxas de câmbio.
Houve ainda um relativo avanço no
acesso ao crédito externo pelo grupo
dos países emergentes. Alguns foram favorecidos por melhores notas
fornecidas pelas agências de classificação de risco de crédito, que os elevaram à categoria de "grau de investimento", como a Rússia e o México.
Outros aproveitaram a liqüidez internacional para modificar os custos e
os prazos de suas dívidas externas. O
México, por exemplo, promoveu a
troca dos títulos Brady por outros
com prazos mais longos.
Esses fatores parecem afastar, pelo
menos por ora, a hipótese de uma
crise mais grave na periferia do sistema financeiro global. Isso, obviamente, não implica a ausência de riscos -como os de uma eventual explosão dos preços do petróleo.
Quanto ao Brasil, o superávit na
conta corrente da economia deverá
repetir em 2004 o bom desempenho
do ano passado, permanecendo em
torno de US$ 4 bilhões. A desvalorização da taxa de câmbio, associada à
expansão mundial, à abertura de novos mercados e aos preços das commodities, contribuiu para uma notável expansão das exportações. Em
1999, as vendas para o exterior representavam 8,9% do PIB. Hoje, estão
em torno de 15,3%. Já as importações mantiveram-se estagnadas,
passando de 9,2% do PIB para 9,9%.
Com o aumento das exportações,
os indicadores de endividamento externo da economia brasileira melhoraram. A relação dívida externa líqüida/exportações caiu de 3,6 em 1999
para 1,8, considerando que as exportações seriam de US$ 80 bilhões e a
dívida seria de US$ 144,6 bilhões no
fim de 2004. A relação dívida externa
líquida/PIB, que teve seu pico em
35,9% em 2002, diminuiu para 26%.
Os gastos com juros da dívida externa, que absorviam 36,4% das exportações em 1999, caíram para 19,9%.
A despeito desse considerável ajuste das contas externas, ainda é preciso criar melhores condições para diminuir o risco do país e, portanto,
para eliminar a vulnerabilidade da
economia a uma reversão de fluxos
de capitais. O país ainda permanece
classificado na categoria de "investimento especulativo".
Em 2004, o Brasil precisará renovar
pelo menos US$ 53,6 bilhões em dívidas de curto e longo prazo. Como o
ciclo de liqüidez será, em algum momento, sucedido por um período de
escassez de recursos, é preciso aprofundar o ajuste externo, o que exige
esforços para melhorar a pauta das
exportações, consolidar o superávit
em conta corrente e ampliar as reservas no Banco Central, atualmente,
em apenas US$ 22 bilhões.
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