São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Mercosul, nosso destino comum EDUARDO DUHALDE
Freqüentemente , empresários,
analistas e profissionais me formulam a mesma e recorrente pergunta: para que serve o Mercosul?
Esse é o núcleo da resposta à pergunta com a qual iniciei estas linhas (por que Mercosul?). Porque, de maneira isolada, nossos Estados nacionais não podem proteger seus empresários, pecuaristas, trabalhadores etc. da poderosa autoridade das potências. Exemplos disso são os subsídios agrícolas, o protecionismo, o estabelecimento de taxas de juros e outras questões que nos afetam e que não podemos combater isoladamente. Nossos países desunidos dificilmente poderão se fazer ouvir pela maior potência mundial. Os Estados Unidos da América, por serem e se sentirem a maior nação do planeta, ignoraram sempre seus vizinhos continentais. O secretário de Estado, general Colin Powell, definiu com total clareza o espírito que anima seu país: "Nosso objetivo com a Alca é garantir para as empresas norte-americanas o controle de um território que vai do Ártico até a Antártida e o livre acesso, sem nenhum obstáculo ou dificuldade, aos nossos produtos, serviços, tecnologia e capital em todo o hemisfério". A maneira evidente de terminar com essa ausência de diálogo é mostrarmos posições e desejos comuns. Queremos a Alca, mas não a que define Powell. Enquanto a Alca se demora por essas e outras razões, nossa missão de integração e busca de novos mercados avança nas negociações com a União Européia. Nesse caso, a complexidade não é menor do que com a Alca, apesar de o processo se encontrar mais avançado e o conteúdo das ofertas que é manejado por ambos os blocos prometer ser benéfico para as duas partes. É muito animadora a recente oferta agrícola anunciada pela UE, que me fora ratificada pelo presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, em uma conversa que tivemos recentemente em Bruxelas. É evidente que esses avanços significativos, de subscrever finalmente o tratado com a Europa em outubro, beneficiarão nossos produtores e trabalhadores. E isso se conquista somente com a união, graças à tarefa do Mercosul. Nesse panorama, o Mercado Comum do Sul tem diante de si um caminho de possibilidades infinitas que lhe permitirá explorar toda a sua potencialidade. Mas os benefícios do processo de integração devem se projetar ao conjunto da sociedade dos Estados-membros, porque o Mercosul é uma "empresa comum" e, como tal, deve ser "sentida" por toda a população da região. Só dessa forma poderemos concretizar o destino manifesto que motiva nossa associação. Eduardo Duhalde, 62, advogado, é o presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul. Foi presidente da República Argentina (2002-03). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Edemar Cid Ferreira: A Unctad e as indústrias criativas Índice |
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