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A LARGADA
Não há propriamente surpresa
nos resultados da pesquisa
Datafolha para a Presidência que este
jornal publica hoje. Tendo ficado
próximo da vitória já no domingo,
tendo obtido o dobro de votos do segundo colocado e tendo permanecido na semana que passou em plena
exposição na mídia, era de esperar
que a primeira pesquisa indicasse o
candidato do PT, Luiz Inácio Lula da
Silva, bem à frente do presidenciável
do PSDB, José Serra.
Talvez a magnitude da distância
entre os dois, de 26 pontos percentuais, tenha ficado algo além do que
uma parte dos analistas previa. Mas
nem o mais apaixonado eleitor de
Serra esperava que o seu candidato
figurasse a uma distância pequena
de Lula na primeira sondagem.
O Datafolha mostra o retrato do cacife eleitoral que cada presidenciável
tem na saída de uma corrida curta,
mas densa do ponto de vista político.
Nessa corrida, o candidato do PT pode até perder parte de seu cacife e,
ainda assim, permanecer com chances de vitória. Mas isso não quer dizer que está descartada a hipótese de
José Serra ultrapassar Lula. Para vencer, o tucano terá que anular, em
duas semanas, uma vantagem da ordem de 24 milhões de votos.
A tarefa é difícil, porém não é impossível. Nos próximos 12 dias, haverá 24 sessões de propaganda no rádio e na TV nas quais cada candidatura contará com 10 minutos. Além
disso, a lamentável recusa do PT em
expor o seu candidato a mais debates
e a indagações mais críticas pode associar uma imagem negativa a Lula.
Segundo o Datafolha, 74% dos eleitores julgam ser muito importante a
realização de debates entre Lula e
Serra. A propósito do conteúdo dos
programas, é provável que a campanha de Serra parta definitivamente
para o ataque contra Lula e o PT,
mesmo correndo o risco de ver aumentada a rejeição ao tucano.
Já do lado do petista, a necessidade
de administrar o seu cacife de intenções de voto deve levar a campanha a
evitar ainda mais o confronto.
Lula parece comportar-se como se
eleito estivesse. Grande parte dos
analistas, dos empresários e da mídia internacional também trata as
eleições brasileiras como se ela já estivesse encerrada com a vitória do PT.
Mas o fato inequívoco é que nada
ainda está decidido. Grandes viradas
na política brasileira já ocorreram no
passado recente. Em vez de tratar o
resultado das eleições como favas
contadas, cabe esperar o desenrolar
do jogo, pois ainda há lances decisivos a serem jogados.
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