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FORÇA PARA COMPETIR
A concentração industrial
procura aproveitar as sinergias
de inovação tecnológica, marketing,
diferenciação de produtos, patentes,
marcas, qualificação e experiência da
mão-de-obra, fortalecendo a capacidade competitiva das empresas. O
impulso concentrador leva à internacionalização das grandes corporações, com o intuito de racionalizar
recursos e encontrar novos horizontes. De acordo com o "World Investment Report", 49% das vendas realizadas pelas cem maiores empresas
transnacionais do planeta foram efetuadas fora do país de origem. As
operações de fusão e aquisição têm
sido a forma preferencial de entrada
em novos mercados.
O processo de consolidação da siderurgia mundial parece irreversível.
Diferentes analistas estimam que
nos próximos dez anos os cinco
maiores grupos siderúrgicos deverão
deter 50% do mercado, ante os 14%
atuais. Haveria espaço para um conglomerado europeu, um americano,
um japonês, um coreano e, provavelmente, um grupo chinês ou russo.
Para enfrentar esses desafios, a siderurgia brasileira possivelmente
passará por um processo de reestruturação, mediante a criação de um
grupo nacional forte, com capacidade de competição internacional.
Como se sabe, está sendo aventada
a fusão das duas maiores empresas
siderúrgicas do país: a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) e o sistema Usiminas-Cosipa (Cia. Siderúrgica Paulista). Essa união resultaria
em um corporação com capacidade
de produção de 15 milhões de toneladas ao ano, ocupando a décima posição mundial. A liderança global é
exercida pela empresa européia Arcelor, com produção de 44 milhões
de toneladas de aço bruto por ano.
No mercado doméstico, a CSN e o
grupo Usiminas disputam as vendas
de aços planos para montadoras, autopeças, linha branca e construção
civil. Ambas exportam cerca de 30%
da produção. O principal mercado
externo é a China.
Essa tentativa de fusão vai ao encontro da convicção de muitos observadores de que o país necessita de
empresas tecnológica, financeira e
empresarialmente robustas para enfrentar os novos desafios. Embora
haja muito a caminhar nesse sentido, há exemplos encorajadores de
companhias que vêm desenvolvendo
a capacidade de competir com grupos estrangeiros, como, entre outras, a AmBev, a Gerdau, a São Paulo
Alpargatas, além da Petrobras e da
Vale do Rio Doce.
O fortalecimento da estrutura produtiva local é importante para alavancar o investimento externo, sendo, nesse sentido, relevante a atuação do BNDES, cuja direção, muito
criticada, tem defendido políticas
nesse sentido. Certamente, o apoio
governamental deve seguir princípios de transparência e exigir contrapartidas, como de resto está determinado no recente documento do governo que serve de base para discutir
a política industrial.
Por fim, são justificadas as preocupações com a cartelização de preços
domésticos que pode decorrer da
concentração. Trata-se, no entanto,
de um aspecto a ser enfrentado com
rigor, mas também com realismo.
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