São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Brasil e EUA: muito mais do que a Alca DONNA J. HRINAK
As recentes visitas do representante de Comércio dos EUA, Robert B. Zoellick, e do subsecretário de
Agricultura, J.B. Penn, chegaram às
manchetes dos jornais brasileiros com
enfoque mais uma vez na questão das
relações econômicas e comerciais na linha de frente das nossas relações bilaterais. Às vésperas do encontro entre os
presidentes Lula e Bush, em Washington, gostaria de enfatizar que a relação
entre o Brasil e os EUA, como qualquer
parceria saudável, é muito mais diversificada.
Nossos países também cooperam para promover a participação de todos os cidadãos na sociedade e na vida pública. Nos últimos anos, patrocinamos vários intercâmbios entre mulheres parlamentares dos dois países. Também compartilhamos experiências com líderes afro-brasileiros, como os fundadores da nova Universidade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, criada especialmente para brasileiros afrodescendentes. Nossos líderes sabem que temos muito a ganhar trabalhando juntos, não só em termos bilaterais, mas também em escala hemisférica. Tendo passado a maior parte de meus 29 anos de serviço diplomático vivendo ou trabalhando com países do continente americano, estou convicta dos benefícios que a integração pode trazer aos nossos países e povos. O compromisso com a agenda hemisférica comum que transcendeu as mudanças nos governos, desde o início da Cúpula das Américas, em 1994, demonstra claramente o empenho das 34 democracias americanas. O presidente Bush tem afirmado, desde sua eleição, que este seria o "século das Américas", e começou bem: seu primeiro encontro oficial foi com Vicente Fox, do México, e seu primeiro encontro com um grupo de líderes estrangeiros foi com os participantes da Terceira Cúpula Hemisférica, em Québec. No entanto a realidade tem seu modo de se intrometer nos melhores planos, como mostraram os acontecimentos do 11 de setembro. Embora as consequências desses eventos tenham temporariamente demandado mais tempo e energia, o governo Bush nunca perdeu de vista a importância deste hemisfério. Talvez o sinal mais evidente disso tenha sido o telefonema do presidente Bush para parabenizar Lula, logo após eleito presidente do Brasil, e o convite para que visitasse Washington em dezembro passado, antes mesmo de sua posse. Agora Lula retornará à Casa Branca como presidente do Brasil, acompanhado por membros de seu gabinete, para discutir uma ampla agenda de questões que nos confrontam e nos unem. Há 90 anos, Theodore Roosevelt, um dos primeiros ambientalistas, então cinco anos longe da Presidência, veio ao Brasil para acompanhar o coronel Rondon em uma expedição para mapear o então inexplorado rio da Dúvida, afluente do Amazonas cujo curso era um mistério. Nascia uma parceria duradoura. Hoje, com a mesma determinação e coragem, Brasil e EUA lideram o curso das relações entre si e com o hemisfério. Embora possa haver contratempos ao navegarmos neste novo século, não há dúvida de que Brasil e EUA são parceiros essenciais nessa jornada. Donna J. Hrinak, 52, é embaixadora dos Estados Unidos no Brasil. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Leonardo Boff: Como fundar a ética hoje? Índice |
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