São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003 |
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PAINEL DO LEITOR Previdência "Tenho lido diversas cartas no "Painel do Leitor" de servidores inconformados com o fim de seus privilégios previsto na reforma da Previdência. Muitos alegam que o funcionário público não dispõe de FGTS, o qual serviria como uma poupança para a aposentadoria. Esse argumento não tem sentido, uma vez que o FGTS serve como um seguro contra o desemprego, fantasma que não assusta o funcionalismo, pois os servidores dispõem de um benefício com o qual o trabalhador da iniciativa privada não pode nem sequer sonhar: a estabilidade. O funcionalismo aceitaria trocar a estabilidade pelo FGTS?" Roberto Marques (São Paulo, SP) "Sou servidor público do Judiciário e sou favorável à reforma da Previdência porque entendo que há um problema que deve ser resolvido. Há, contudo, um clichê que é visto todos os dias na imprensa e que não serve como argumento convincente a favor da reforma: "O rombo da previdência dos servidores públicos é maior que o rombo dos trabalhadores da iniciativa privada". Ora, rombo por rombo, de qualquer forma ele continua existindo. Em outras palavras: não acredito que restrições à Previdência do servidor público vá resolver o problema da Previdência se o rombo continuar existindo na Previdência privada. Afinal, 20 milhões é uma quantia considerável. Diminuir o rombo me parece apenas um paliativo." Guilherme Parisi Pazeto (Ribeirão Preto, SP) "Não sou funcionário público nem tenho mandato para defendê-los, mas não posso deixar de fazer alguns comentários a propósito do texto "Em nome de quem?", Opinião, pág. A2, 12/6). Sim, "a remuneração média do setor público é superior à do setor privado". E daí? Depois de uma década de arrocho salarial e da piora acelerada nas relações de trabalho, não é mais razoável supor que o problema esteja exatamente no setor privado? Ou será que devemos seguir com a desmontagem das instituições públicas e com a liquidação dos serviços que prestam (ou deveriam prestar) à cidadania em nome dos mesmos princípios que presidiram os famigerados "ajustes competitivos" do setor privado e promoveram a felicidade de um seleto grupo de rentistas, acionistas e executivos pelo mundo afora?" José Maurício de Oliveira (São Paulo, SP) Regando a lei "O melhor trabalho já produzido pelo Legislativo brasileiro foi a Lei de Responsabilidade Fiscal. Com a LRF, acabou aquela farra descompromissada com o dinheiro público. Os limites impostos aos executivos é benéfico. Findou aquela orgia de gastos para um cargo transitório e o acúmulo cada vez maior de dívidas deixadas ao sucessor. Qualquer governo sério tem a obrigação de regar a LRF para que ela floresça cada vez mais." Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES) Medo de quê? "Somos um grupo de mais ou menos 50 pessoas que fabrica artesanato e tenta vendê-lo na rua Teodoro Sampaio, próximo à praça Benedito Calixto, em São Paulo. Estamos proibidos de trabalhar. Estamos correndo do "rapa" da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Corremos, na verdade, nem sabemos de quê. Porque se as pessoas que cuidam da cidade não sabem a diferença entre arte e muamba do Paraguai, então estamos realmente perdidos. Violência também se combate com lazer, com cultura e criando oportunidades de trabalho." Vanderlei do Prado (Santo André, SP) Traições "Diferentemente do que disse o nobre deputado Genoino, o PT é, sim, o Partido dos Traidores. Traiu o funcionalismo com uma proposta confiscatória e injusta de reforma da Previdência, traiu a Justiça ao tentar a todo custo impedir CPIs que contrariam interesses de novos aliados, traiu a verdade ao acusar de "traição" justo aqueles que se esforçam para não trair os seus mandatos." Felipe Lion (São Paulo, SP) Rifa "Irretocável o comentário de Clóvis Rossi de 12/6 ("Rifando princípios", pág. A2). O que simplesmente não consigo entender é a posição geral do PT de tentar abafar o escândalo da remessa de US$ 30 bilhões -e onde, aparentemente, seus pares não aparecem como os grandes favorecidos- no momento em que é tão necessária qualquer minguada parcela de recursos para amparar os programas sociais do governo. Ou alguém imagina que esses valores expatriados são resultado de ações legais e honestas e não envolvem dinheiro público?" Eduardo de Souza Amaral (São Paulo, SP) Energia "Em relação à notícia sobre possíveis efeitos da utilização de hidrogênio como combustível ("Energia "limpa" ameaça camada de ozônio", Ciência, 13/6), seria bom deixar claro que a nossa maior fonte de energia limpa é a biomassa, incluindo o álcool combustível e a utilização de resíduos agrícolas como o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. A possível migração a curto prazo para uma economia baseada no hidrogênio parece surrealista como a história da fusão a frio ventilada poucos anos atrás. No caso do hidrogênio, o maior obstáculo é o custo energético e ambiental de sua produção, pois para isso utiliza-se energia elétrica, que no mundo é obtida prioritariamente em poluidoras termelétricas movidas a carvão e/ou derivados de petróleo. O Brasil, com seu alto potencial hidrelétrico, é exceção no mundo -e torna-se quase único se se computar a produção de biomassa vegetal." Adilson Roberto Gonçalves (Lorena, SP) Juros e reformas "Deixe-me ver se entendi. O presidente do Banco Central aumenta os juros, que aumenta a dívida pública, que depois pagamos com nossos altos impostos. O aumento dos juros aumenta o lucro do BankBoston, do qual Meirelles também foi presidente e que lhe paga uma aposentadoria de US$ 750 mil/ano. Agora vamos ver se entendi as "reformas". Temos de reduzir o custo da Previdência -e depois o da saúde e depois o desperdício com educação etc. etc. Ah, já ia me esquecendo, o Banco Central tem de aumentar a taxa de juros, que aumenta o lucro do BankBoston, sempre que houver aumento de salários, porque o aumento de salários gera inflação. Ao trabalhador resta, então, pagar os impostos mais caros do mundo e se satisfazer com o não-aumento de seu salário porque do contrário a gente arruína a economia do Brasil. Economia é uma atividade muito interessante." José Netto (Macaé, RJ) Texto Anterior: Leonardo Boff: Como fundar a ética hoje? 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