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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Petrobrás: bom exemplo para a iniciativa privada
Foi no início da década de 50. A
campanha foi dura, mas o entusiasmo contagiou toda a nação. Com a
palavra de ordem "o petróleo é nosso", a batalha tornou-se gloriosa. Nasceu a Petrobras.
Sua produção inicial foi de míseros
3.000 barris de petróleo por dia. Os céticos viam a empresa como condenada à morte. Os mais otimistas achavam que ela conseguiria produzir, no
máximo, 500 mil barris por dia. Nada
disso aconteceu.
As metas da empresa foram sistematicamente ultrapassadas. Hoje, a Petrobras produz cerca de 1,3 milhão de
barris por dia e, segundo suas próprias previsões, produzirá 1,85 milhão
por dia no final de 2005, dando ao Brasil a confortável situação de auto-suficiência em petróleo.
A notícia veio em boa hora, pois o
barril de petróleo chegou a ser cotado
a US$ 45 na semana passada. Mesmo
que abaixe para o nível dos US$ 40, ou
até mesmo US$ 35, a auto-suficiência
proporcionará uma bela economia. É
bom lembrar que, no período das crises de petróleo -de 1973 a 1979-, o
Brasil produzia apenas 25% do petróleo que consumia. Cerca de 85% das
despesas de importação eram com o
precioso "ouro verde". Os próprios
conhecimentos da Petrobras eram
importados.
Hoje, o quadro virou. Estamos perto
da auto-suficiência. Reduzimos drasticamente as despesas com importação. E a Petrobras tornou-se referência mundial por sua alta competência
em exploração de petróleo em águas
profundas.
O prestígio internacional da Petrobras é reconhecido a cada dia. A empresa consegue captar centenas de milhões de dólares com títulos próprios
que são colocados, com a maior facilidade, no mercado financeiro dos países mais exigentes. A Petrobras desfruta, assim, da mais alta credibilidade
mundial.
Num momento como este, os políticos são tentados a creditar em sua
própria conta os feitos da empresa.
Mas a Petrobras é maior do que a política. O capital mais precioso da empresa é a sua reserva de talentos. São
técnicos que receberam o melhor treinamento do mundo ao longo de várias décadas e que desenvolveram pesquisas próprias com o conhecimento
acumulado.
A empresa é, antes de tudo, um símbolo da competente engenharia nacional. Quando se acabou com o monopólio do petróleo, muitos temiam
um abalo na Petrobras. Ocorreu o
contrário. As empresas estrangeiras
que para cá vieram só querem saber
de negócios conjuntos com a empresa
brasileira. Elas sabem que jamais conseguirão, no médio prazo, reunir a inteligência que domina os quadros técnicos da Petrobras.
O Brasil já tem o que mostrar no
campo da ciência e tecnologia. O país
está na vanguarda da pesquisa agropecuária com a Embrapa, na vanguarda da fabricação de aviões a jato com a
Embraer, na da descoberta de genomas de animais e de plantas, apoiada
pela Fapesp, e na da exploração de petróleo em águas profundas com a Petrobras. O triunfo, portanto, é dos pesquisadores.
Eles estão de parabéns, pois se revelaram como os sustentáculos dos
grandes feitos do Brasil moderno.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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