|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Estrutura intacta
"ISSO NÃO acaba, não tem
fim. Moramos no Brasil,
se esqueceu?" Tem razão
de ser o ceticismo de uma camelô, ao ser indagada se a detenção
de colegas seus e de funcionários
da Subprefeitura da Mooca, que
extorquiam para não fiscalizar,
acabaria com o esquema de propina na região. Passada uma década do escândalo da máfia de
fiscais que marcou a gestão de
Celso Pitta (1997-2000), a escala
pode não ser a mesma, mas ainda
grassa em São Paulo a cobrança
de propina por autoridades.
Na gestão de Gilberto Kassab
(DEM), de pouco mais de dois
anos, já houve registro de suspeitas de cobrança de propina para
permitir o funcionamento de
bingos, ignorar publicidade ilegal e liberar a operação de casas
comerciais. Casos semelhantes
ocorreram sob Marta Suplicy
(PT) e José Serra (PSDB).
A estrutura que permitiu a
operação de um propinoduto de
R$ 400 milhões, no fim dos anos
90, não foi destruída. Pouco mudou, nesse aspecto, além do nome das antigas administrações
regionais, agora subprefeituras.
O esquema de preenchimento
de cargos por indicação e as barganhas com os edis permanecem. Não à toa, os acusados de
comandar o esquema desbaratado na Mooca eram dois funcionários não concursados, um deles ex-candidato à Câmara Municipal pelo partido de Kassab.
Tentativas de mudar esse quadro ficaram no papel. Quando
prefeito, Serra encomendou à
Transparência Brasil um plano
anticorrupção, que previa a contratação de uma auditoria externa para fiscalizar as subprefeituras e a instituição de um disque-denúncia específico para isso.
A chave, obviamente, está em
permitir maior controle público
dos atos da administração. Além
disso, é preciso quebrar a espinha dorsal do interesse político
que se ramifica por atividades
corriqueiras, mas importantes
para colocar ordem no caos urbano da capital, como a fiscalização do uso e da ocupação do solo.
Texto Anterior: Editoriais: História das trevas Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Uma ilha de tranqüilidade Índice
|