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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um alívio para os oceanos
Na década de 70, o mundo se beneficiou enormemente das novas
variedades de plantas alimentícias de
alta produtividade criadas pela "revolução verde". Hoje, ganha corpo a "revolução azul", que permite produzir
em larga escala peixes e crustáceos em
fazendas artificiais.
A revista "The Economist" desta semana mostrou que a aquacultura
mundial está crescendo à base de 10%
ao ano desde 1990. Impressionante!
O mercado para esses produtos
também cresce aceleradamente. As
importações dos Estados Unidos e da
União Européia aumentam à base de
13% ao ano. O salmão e a tuna azul
despontam como os peixes preferidos. Quanto ao camarão, só os americanos importam 500 mil toneladas
por ano; os europeus, 450 mil toneladas.
Na prática da aquacultura, há inúmeras doenças e problemas ambientais a serem controlados. No caso do
camarão, por exemplo, uma grande
poluição das águas pode ocorrer se os
produtores não usarem técnicas apropriadas. Uma delas é a incorporação
da tilápia nas fazendas aquáticas.
O Brasil está indo muito bem nesse
campo. O Nordeste saiu na frente. Temos imensas vantagens comparativas
em matéria de clima, de qualidade da
água, de solo e de topografia, além da
proximidade dos principais mercados
importadores (Estados Unidos e
União Européia). Das 680 fazendas de
camarão do país, 280 estão no Rio
Grande do Norte e 126 no Ceará.
Em 2002, a produção brasileira de
camarão em fazendas aquáticas chegou a 60 mil toneladas. É pouco perto
do que produz a China -310 mil toneladas/ano. Mas a produtividade no
Brasil é a mais alta do mundo, com
5.500 quilos de camarão por hectare/
ano, contra 1.100 da China e 3.500 da
Tailândia, segundo maior produtor
(260 mil toneladas/ano).
Do consumo mundial de camarão,
70% ainda vêm dos mares, e 30% do
cultivo artificial. Mas esse quadro está
virando. A continuar o crescimento
atual, em 2030, a aquacultura produzirá a maior parte do camarão consumido pelos seres humanos.
O crescimento da produção está
sendo meteórico. Segundo estimativas da Associação Brasileira do Cultivo de Camarões, o Brasil produzirá 90
mil toneladas em 2003, 120 mil em
2004 e 160 mil em 2005, quando exportaremos US$ 500 milhões.
Ademais, o cultivo de peixes e crustáceos em fazendas aquáticas gera
muito trabalho. Veja o caso do camarão. Com a produção atual, foram gerados 70 mil empregos diretos e indiretos. Nada desprezível. Em 2005, poderão chegar a 200 mil. Isso sem contar os empregos remotos e ligados à
produção de insumos industriais que
são demandados por aquele cultivo.
Esse é um belo espetáculo de crescimento, protagonizado pela engenhosidade dos pesquisadores e pelo denodo dos trabalhadores brasileiros, que
estão sabendo usar com inteligência
as vantagens que Deus nos deu.
Ah, meu caro Pero Vaz de Caminha... como você estava certo...!
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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