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CARLOS HEITOR CONY
Esperança e desespero
RIO DE JANEIRO - Por motivos profissionais, sou obrigado a viver plugado no computador e, como todo
mundo, recebo mensagens de diversas naturezas. Além das pessoais, predominam as de entidades e de indivíduos que estão desesperados com a
situação e, sem acesso natural aos
meios de comunicação, enviam suas
críticas e desabafos pela internet na
esperança de que alguém tome providências.
Descontando interesses contrariados e denúncias gratuitas ou comprovadas, o que predomina é mesmo o
desencanto generalizado, não ainda
com Lula, sua pessoa física e histórica, mas com seu governo.
Na mídia, sobretudo nos jornais
impressos, nota-se esse mesmo descontentamento, mas de forma embrionária. Em linhas gerais, os profissionais se obrigam a ser cautelosos, a
medir palavras e insinuações. Contudo há um fosso no tamanho e na profundidade entre as críticas que se
lêem nos jornais e as que chegam diariamente à telinha de nossos computadores.
Certo. É ainda uma minoria que
frequenta a internet e dispõe de tecnologia suficiente para expressar sua
opinião a respeito do atual governo.
Uns pelos outros, reconhecem que os
sete meses e meio da nova era ainda
são poucos para uma condenação radical. Mas a linha média desses desabafos revela, além do desalento, um
certo estupor pelo rumo que as coisas
estão tomando. Nem chegam a ser reclamações setoriais, como as dos magistrados, servidores em geral, gente
sem teto, sem terra e sem emprego.
As críticas mais contundentes procedem de uma faixa da população
que tem emprego, tem casa, tem teto
e exerce ofícios na iniciativa privada.
Curiosamente, esses desabafos chegam minguadamente à mídia. E,
quando chegam, são logo atenuados
com o apelo à esperança, ao futuro
do Brasil e à proteção de Deus Todo-Poderoso.
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